No Rio, alta taxa de prematuros em maternidades particulares

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com 10.072 mulheres no pós-parto revelou um dado considerado estarrecedor pelos pesquisadores: 14,2% dos bebês nascidos nas maternidades particulares do município são prematuros. O índice é superior àquele encontrado nas maternidades públicas, que são referência para parto de risco e as mães têm maior incidência de hipertensão, diabetes, anemia, infecção urinária e sífilis do que as atendidas na rede particular. Nessas maternidades de atendimento de risco, os prematuros representam 12,8%. ?Nos países desenvolvidos, o índice de prematuros é de 7%. O número é alto aqui porque os médicos marcam a cesárea, não esperam o trabalho de parto e depois verificam que os bebês nasceram uma ou duas semanas antes do tempo. Há uma geração de prematuros criados pela cesárea e os malefícios disso só serão conhecidos no futuro?, alerta a médica epidemiologista Maria do Carmo Leal, que, ao lado de Silvana Granado Gama, desenvolveu a pesquisa. As entrevistas foram feitas entre 1999 e 2001 e o trabalho publicado nos Cadernos de Sáude Pública, mês passado. As cesarianas representam 86,7% dos nascimentos ocorridos em maternidades particulares. Já nas instituições públicas, esse índice cai para 31,3% ? o que ainda é considerado alto pela Organização Mundial de Saúde. As clínicas particulares são campeãs também em outro item considerado perigoso: transferem quatro vezes mais recém-nascidos do que maternidades públicas ou conveniadas ao Sistema Único de Saúde. Apesar disso, as maternidades particulares têm o menor índice de óbito perinatal ? 0,4%. Nas maternidades que atendem parto de alto risco (municipais ou federais), o índice é de 2,9%. E cai para 1,3% nas clínicas conveniadas ao SUS. O coordenador do grupo de trabalho materno-infantil do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), Abdu Kexfe, levanta dúvidas sobre a pesquisa da Fiocruz. ?A Fiocruz precisa apurar melhor esses dados. A cesárea, longe de ser um problema, é solução. A cesárea pode levar à prematuridade, não nego. Mas na nossa avaliação do atendimento de uma clínica da zona sul o índice de cesárea não tem a ver nem com mortalidade materna nem neonatal, se o atendimento for correto?, afirmou Kexfe.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.