No início do século 20, alternância de SP e MG

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Por Redação
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Em agosto de 2006, José Serra e Aécio Neves, candidatos aos governos estaduais de São Paulo e Minas naquele ano, celebraram uma parceria entre as polícias dos dois Estados que seria efetivada se eles fossem eleitos. "É a política café-com-leite do século 21", disse Serra na ocasião, rememorando um tempo, entre o fim do século 19 e o começo do século 20, em que as oligarquias de São Paulo e Minas indicavam em revezamento os presidentes da República Velha, no que, à época, se apelidou "política café-com-leite". Minas tinha o maior eleitorado do País e uma base econômica assentada na pecuária leiteira; São Paulo produzia café, principal item da pauta de exportações. Em 1894, o cafeicultor Prudente José de Morais e Barros, nascido em Itu, foi eleito presidente, desbancando os militares que haviam derrubado o Império. O Partido Republicano Paulista emplacou mais dois presidentes seguidos - em 1898, Manuel Ferraz de Campos Sales, nascido em Campinas; em 1902, Francisco de Paula Rodrigues Alves, nascido em Guaratinguetá. Foram os últimos. Dali por diante, embora o revezamento com Minas prosseguisse, nunca mais um paulista nato chegou à Presidência. Para defender a candidatura de Aécio, os mineiros dizem que em 2010 os paulistas completarão quatro mandatos seguidos - 16 anos - no poder. Isso é apenas uma meia verdade. Nos últimos 106 anos, muitos políticos de São Paulo chegaram à Presidência, mas nenhum deles nasceu no Estado (em 1918, Rodrigues Alves foi eleito uma segunda vez, mas morreu antes de assumir). Epitácio Pessoa, eleito em 1919, nasceu em Umbuzeiro (PB); Washington Luís, eleito em 1926, nasceu em Macaé (RJ); Jânio Quadros, eleito em 1960, nasceu em Campo Grande (MS); Fernando Henrique Cardoso, eleito em 1994 e reeleito em 1998, nasceu no Rio de Janeiro (RJ); e Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2002 e reeleito em 2006, é natural de Garanhuns (PE). Enquanto isso, nesse longo intervalo de 106 anos, cinco mineiros chegaram à Presidência: Afonso Penna, Artur Bernardes, Venceslau Brás, Juscelino Kubitschek e Itamar Franco (vice de Fernando Collor, que assumiu após o impeachment). E o rol não inclui Tancredo Neves, eleito indiretamente em 1985. Como Rodrigues Alves, ele morreu antes de assumir.

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