No exterior, imprensa destaca tom moderado e troca de mensagens com Trump

Jornais dos EUA, Europa, América Latina e Israel repercutiram a posse presidencial de Jair Bolsonaro

Por Monique Heemann
Atualização:

A cerimônia de posse de Jair Bolsonaro segue repercutindo na imprensa internacional após o seu primeiro discurso como presidente do Brasil. Na avaliação do Wall Street Journal, Bolsonaro, um "violento capitão da reserva que ainda se recupera de um atentado a faca quase fatal", enfrentará uma corrida contra o tempo para atender a duas promessas em duas áreas primordiais: economia e segurança pública, além de outros assuntos espinhosos como a reforma da Previdência, segundo analistas políticos ouvidos pelo WSJ. O jornal também lembra que desde outubro o político tem adotado um tom mais moderado, declarando respeito a constituição, que "é a estrela guia da democracia".

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Já a agência de notícias Associated Press destaca que Bolsonaro e o presidente americano, Donald Trump, expressaram admiração mútua nesta tarde no Twitter, descrevendo a troca de mensagens entre os dois líderes durante a posse. Bolsonaro é descrito AP como um capitão da reserva do exército com posições de extrema direita e que tem expressado com frequência sua admiração por Trump, dizendo que planeja copiar diversas políticas do líder americano. A matéria da agência foi replicada por outros veículos americanos, como o Washington Post e a NBC News.

Na mesma linha, a rede de notícias britânica Sky News destaca a posse de Bolsonaro, que é descrito como líder nacionalista de extrema direita, um "Trump dos Trópicos". A ascensão do capitão da reserva, acrescenta a agência de notícias, "foi marcada por uma retórica polarizadora e declarações depreciativas sobre mulheres, gays e minorias étnicas". Uma foto do presidente recém empossado ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ilustra a matéria e ocupa espaço de destaque na página da editoria Mundo da Sky News.

Primeira dama discursou em libras antes do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro Foto: Evaristo SA/AFP

Outros veículos, como o britânico Daily Telegraph e o espanhol El País, também registraram a cerimônia de posse. A rede de televisão americana Fox News, por sua vez, publicou um vídeo da posse em seu canal no Youtube que, no fim da tarde (horário de Brasília), já somava mais de 25 mil visualizações.

Já o site americano Axios, conhecido por publicar em primeira mão informações que refletem nos mercados internacionais, noticiou a cerimônia de posse e descreveu Bolsonaro como "um provocador populista de extrema direita" que "prometeu limpar o país da corrupção e reprimir o crime - mesmo que isso signifique ignorar as normas democráticas".

Árabes 

Depois que o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, chamou Bolsonaro de "amigo" no Twitter, publicou um vídeo abraçando-o e afirmou ter convidado o presidente brasileiro para ir a Israel, a posse que marcou a tarde desta terça-feira em Brasília também foi destaque em veículos árabes.

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O Jerusalem Post destaca a proximidade entre os líderes e afirma que Bolsonaro "planeja realinhar o Brasil internacionalmente, se distanciando de economias em desenvolvimento aliadas e se aproximando das políticas de líderes ocidentais, particularmente Trump". A rede Al Jazeera também evidencia o novo governo, que tomou posse "em meio a grandes esperanças de apoiadores e temores de ativistas de direitos humanos e grupos minoritários".

Michelle 

Já o argentino Clarín publicou um perfil da nova primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro. No artigo, a segunda esposa de Bolsonaro é descrita como discreta, "com fortes convicções religiosas e comprometida com a causa social". Segundo a publicação, embora tenha se mantido 'em segundo plano', Michelle parece estar disposta a atender ao "maior número possível de programas sociais do governo". Entre as principais características da nova primeira dama estão a humildade e "a vocação para estender a mão ao próximo", acrescenta o jornal, segundo amigos próximos da família.

A agência de notícias Ansa também deu destaque à Michelle, que participou "inesperadamente" da cerimônia ao fazer um discurso na linguagem brasileira de sinais (LIBRAS). 

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