No Conselho de Ética, tucano pede que Cunha renuncie e deixe de influenciar governo Temer

Peemedebista, que está no coelgiado para apresentar sua defesa em processo por quebra de decoro não respondeu aoscomentários de Nelson Marchezan Júnior

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Por Julia Lindner , Daiene Cardoso e Valmar Hupsel Filho
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BRASÍLIA - Durante o depoimento de Eduardo Cunha (PMDB-RS) nesta quinta-feira, 19, ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) pediu que o peemedebista "renuncie ao cargo" de presidente da Câmara e "deixe de influenciar o governo Michel Temer", sob pena de ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao responder aos comentários do tucano, Cunha limitou-se a dizer que não comentaria a decisão do STF de afastá-lo do cargo.

O presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Foto: Fernando Bizerra Jr.|EFE

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Em embate direto com o peemedebista, Marchezan brincou dizendo que "se o truste fosse uma mulher, seria maravilhosa". "Deve ser uma paixão cega, por colocar tanto volume de recursos e não controlá-lo", completou o deputado. "Truste não é uma mulher bonita, ele foi criado na Convenção de Haia, tem trilhões de dólar pelo mundo. A palavra quer dizer confiança, ele é transparente", rebateu Cunha.

Marchezan questionou qual seria a origem do depósito de R$ 5 milhões que teriam sido enviados ao truste na Suíça e que, segundo ele, não foram declarados no Brasil. "Parece a todos nós uma simulação, tudo leva a crer que a truste é simulação para esconder recursos de origem não lícita", acusou o tucano. Segundo ele, Cunha não consegue esclarecer como foi constituído o truste.

O presidente afastado da Câmara disse que Marchezan fez a sua pergunta lastreada em matérias jornalísticas e que "nem tudo que se publica é verossímil". Ele se negou a responder a pergunta novamente por dizer que ela não estava baseada na representação do PSOL e da Rede contra ele. "Vim aqui para um momento processual de um processo. Como depoente, tenho que me restringir ao que será usado no julgamento de vocês", afirmou.

Sobre a acusação de que Cunha teria um dossiê de parlamentares para ameaçá-los, Cunha negou e disse que não veio ao Conselho de Ética para constranger ninguém. "Não veio da minha boca ameaças a quem quer que seja. Quando eu estiver algo contra alguém, não usarei o Conselho de Ética", declarou.