
10 de janeiro de 2015 | 18h10
Até agora apontado como favorito na disputa pela presidência da Câmara, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), passa por sua primeira turbulência na campanha: foi citado na Operação Lava Jato como beneficiário de propina no esquema de corrupção da Petrobrás. Ele nega a acusação. Candidato contra a vontade da presidente Dilma Rousseff, ele tenta até a eleição manter o favoritismo. Diz que não é contrário nem a favor do governo e, sim, favorável a uma Câmara independente.
A candidatura do senhor é contrária ao Palácio do Planalto?
Não é nem contrária ao Planalto nem a favor. É uma candidatura de independência da Casa. Estou dizendo, explicitamente, que se alguém acha que vou fazer uma presidência de oposição, vai se decepcionar. E se alguém acha que haverá na presidência um submisso ao governo, também vai se decepcionar.
O sr. é a favor de uma nova CPI da Petrobrás?
Sou a favor da abertura da CPI para continuar a investigar a Petrobrás.
E se houver um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff?
Sou contra. Não se justifica.
O senhor não teme que a citação de seu nome na Operação Lava Jato o atrapalhe?
Provem. Isso é manobra. Por isso, defendo nova CPI da Petrobrás. É a única forma de mostrar que não tememos nada. Quem não deve, não teme.
Como será a condução dos processos de cassação de deputados da Lava Jato?
Vou cumprir o regimento. Tem pedido da cassação? Abre-se o processo, faz-se o julgamento e acata-se o resultado do plenário.
O senhor vai trabalhar para aprovar a emenda constitucional que cria o orçamento impositivo?
Sem dúvida. Ela já foi aprovada no primeiro turno na Câmara. Vou, na presidência, colocar para votar o segundo turno e vou começar a discutir orçamento impositivo para as emendas de bancada.
A presidente Dilma disse que seu governo vai trabalhar pela reforma política. O senhor também?
Claro. Meu primeiro ato vai ser discutir a reforma política que já está pronta para votar. Houve, das vezes anteriores, uma obstrução do PT, que só queria votar o financiamento público de campanha. Então, nós vamos dar admissibilidade a essa proposta e criar imediatamente a comissão especial que vai tratar dela.
O que o senhor pensa do financiamento público de campanha defendido pelo PT?
Sou contra. Veja bem. A minha posição pessoal sobre a reforma política é minha. Não quer dizer que é aquilo que será aprovado. Sou também a favor da coincidência das eleições e da redução no tempo de campanha para que sejam barateadas.
Como o senhor viu as críticas do candidato petista Arlindo Chinaglia ao senhor, de que fez nomeações para o governo?
As pessoas têm de aprender a discutir em alto nível. O que ele conseguiu com isso? Talvez eu tenha me arrependido de ter votado nele um dia para presidente da Câmara e de ter ajudado ele a se eleger. Ele mostrou que não foi merecedor do meu voto.
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