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Negociações da ALCA ficam mais difíceis, avalia FHC

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu hoje que, a partir de agora, as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) vão ficar mais difíceis, já que nos últimos 18 meses as discussões não passaram de demonstrações de boa vontade para, por exemplo, definir a data de início desse futuro bloco comercial. "Daqui para a frente começa o trabalho duro", disse o presidente, em conversa com jornalistas brasileiros na suíte do hotel onde ele está hospedado, na cidade de Quebec. De acordo com o presidente, é importante que o Brasil comece a raciocinar em termos de cadeias produtivas, tema que ele conversou, enfaticamente, esta semana, com o presidente da Argentina, Fernando De La Rúa. Mas, explicou o presidente, "isso não é um trabalho de governo, já que vai além e envolve empresas e a sociedade civil." Fernando Henrique disse, ainda, que a criação da ALCA representará, nos próximos anos, um trabalho gigantesco, já que se trata de um negócio. "Trata-se, agora, de quem ganha e quem perde. E temos de analisar o que fazer com os que perdem", afirmou o presidente. Fernando Henrique relatou que manteve uma conversa particular com o presidente dos Estados Unidos, George Bush, na qual o governo norte-americano está consciente de que o processo de globalização comercial é inevitável, já que os blocos regionais estão, cada vez mais, se organizando. "Acredito que, mesmo os Estados Unidos, não têm como funcionar se não tiver espaços mais amplos de mercado. E, com a ALCA, estamos assistindo o início do processo de uma mudança radical", afirmou o presidente. Segundo Fernando Henrique, o processo, hoje, não é mais "le douce commerce" (doce comércio) e sim um comércio amargo. O presidente disse também que o Brasil não vai aceitar que as questões sociais sejam usadas como pretexto para impor barreiras não-tarifárias. O ministro de Relações Exteriores, Celso Lafer, que participou da entrevista, acrescentou que as negociações das quais o Brasil participará não se restringem apenas à questões tarifárias. E isso ficou muito claro no discurso que o presidente fez, ontem, durante a abertura da reunião da Terceira Cúpula das Américas.

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