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Natalini defende que aborto entre na pauta do governo

Candidato declarou que governo federal deve investir mais em planejamento familiar e políticas de prevenção da gravidez na adolescência

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Por ANA FERNANDES
Atualização:

O candidato a governador Gilberto Natalini (PV) disse que, como político e como médico, defende a vida. No entanto, defendeu que mulheres que praticam o aborto não devem ser tratadas como criminosas. "Um milhão de mulheres praticam aborto todo ano no Brasil, muitas morrem de infecção. Um governo sério tem que ver como tratar isso", disse ao participar da série ''Entrevistas Estadão''.

Gilberto Natalini, candidato a governador pelo PV Foto: ALEX SILVA/Estadão

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O candidato defendeu que o governo federal deve investir mais em planejamento familiar e políticas efetivas de prevenção da gravidez na adolescência. Natalini evitou, contudo, responder diretamente se é a favor da descriminalização do aborto. Ele também evitou responder de forma direta sobre a legalização de drogas e o casamento gay.

Com relação às drogas, defendeu que traficante e usuário não devem ser tratados da mesma forma. Ele chamou de "hipocrisia" a classificação de legal e ilegal das drogas e lembrou que o álcool é a principal causa de internação psiquiátrica. "No entanto, cada boteco vende pinga e tem propaganda para todo lado", afirmou. Natalini disse que, como médico, sabe os efeitos maléficos que as drogas têm sobre o cérebro humano. "Devemos dificultar o acesso das pessoas àquilo que faz mal a elas, mas a maneira de tratar isso é tirar a cortina do tabu."

Sobre casamento gay, disse que as "pessoas vivem com quem elas querem", mas que não se pode vitimizar os homossexuais. "Reconhecer do ponto de vista legal que esta questão existe, não há nenhum problema. Acho que não podemos vitimizar a pauta. Como se em toda novela tem que ter um casal gay. Isto já é fetiche." Natalini lembrou ainda que, quando era secretário municipal da Participação e Parceria, criou a Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (CADS).

Segurança Pública

Questionado sobre suas propostas para a segurança pública, Natalini disse que pretende reforçar a inteligência das polícias no combate ao crime e se disse favorável a uma maior integração nos trabalhos das Polícias Militar e Civil no Estado. Disse também que deve haver um combate maior aos atos de corrupção dentro das instituições de segurança. "Acho que existem muitos policiais bons, mas falta comando."

Natalini também criticou a liberdade que o governo dá ao crime organizado. "Chefe do crime organizado não pode ficar comandando a tropa dele do presídio, pelo celular", afirmou. O candidato disse que não é possível "destruir" o crime organizado, mas que é factível "desmantelar" a operação desses grupos.

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Caso JK

Natalini disse não ver o peso do trabalho da Comissão Municipal da Verdade, que preside, em sua candidatura. "O que a Comissão da Verdade fez comigo foi mostrar o meu passado de torturado e preso político. Fizemos uma série de relatórios e apresentamos para a sociedade brasileira. Não vejo peso da Comissão da Verdade na minha candidatura", disse.

Natalini defendeu, contudo, que o trabalho da comissão municipal, em São Paulo, tem sido mais bem feito que o da Comissão Nacional da Verdade e citou a investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek - concluindo que não se tratou de atentado. "Eles não ouviram as testemunhas", disse, argumentando que a comissão nacional não ouviu o motorista nem os passageiros do ônibus da Viação Cometa que bateu no Opala em que o ex-presidente viajava para o Rio de Janeiro. O candidato disse que a comissão municipal entrou na Justiça para que a comissão nacional não publique o relatório sobre o caso antes de ouvir todos os envolvidos.

Gilberto Natalini foi o segundo convidado da série ''Entrevistas Estadão'', de que participam os principais candidatos ao governo de São Paulo. O primeiro participante foi o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

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