Nas eleições, promessas continuam para índios da capital paulista

Em aldeia de Parelheiros, guaranis são procurados por candidatos, mas revelam desilusão com a política; falta de emprego é o principal problema

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Por Redação
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No dia 17 de agosto, Eraldo José da Silva, 60 anos, cabo eleitoral de um candidato a vereador pelo PMDB em São Paulo, foi visitar a aldeia indígena de Tenondê Porã, localizada em Parelheiros, na zona sul de São Paulo, a 70 quilômetros da Praça da Sé. Pediu autorização para o cacique, Timoteo Vera Popyguá, para colocar placas nas casas com a permissão dos moradores. A autorização foi concedida. Como troca para a gentileza, Silva prometeu a construção de uma creche próxima à aldeia. Com a aproximação da data das eleições, o assédio aumenta e os cerca de 1,2 mil índios que vivem na tribo são lembrados por políticos, que enfrentam a estrada de difícil acesso para angariar votos na aldeia.

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Embora Silva tenha oferecido somente uma creche próxima à região, os problemas da tribo ainda estão longe de serem resolvidos só com isso. A falta de especialidades médicas, o número insuficiente de professores, a coleta de lixo, a dificuldade de acesso e falta de emprego assombram a aldeia. "Eu ainda tenho um trabalho", falou Márcia Poty, agente de saúde comunitária na UBS, "mas e os outros que não têm emprego, como é que vai se virar? A população cresceu muito e o espaço para a lavoura está cada vez menor, só dá para a subsistência", completou.

Por viverem em uma Área de Proteção Ambiental (APA), o espaço que pode ser ocupado e a matéria prima que pode ser retirada da mata são restritos. Os equipamentos públicos da aldeia se resumem a uma escola estadual, um telecentro com 20 computadores com acesso à internet, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e um Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI), uma espécie de Centro Educacional Unificado (CEU) desenvolvido para o povo indígena. Parte dos moradores da aldeia ganha a vida trabalhando nestas quatro unidades. Outros fazem artesanato para vender em lojas da cidade. A plantação é utilizada apenas para a subsistência. Eles falam o guarani e o português, mas só é permitido falar a segunda língua quando há uma pessoa de fora em Tenondê Porã.

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