O chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, disse nesta segunda-feira, 11, que as denúncias a respeito de uso indevido dos cartões corporativos por membros do governo federal não configuram nenhum escândalo, conforme afirmou o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Roberto Antonio Vallim Bellocchi, na abertura do Ano Judiciário, na capital paulista. "Não vejo escândalo. Vejo erros que foram cometidos e que vão ajudar, inclusive, pedagogicamente a uma prática melhor de governo", disse ele, durante o encerramento da sessão solene na Justiça. Veja também: Cronologia da crise dos cartões corporativos Entenda o que são os cartões corporativos do governo Após denúncia, governo publica mudanças para cartões Acordo abranda CPI sobre uso de cartão corporativo Carvalho disse ainda que o governo e o presidente Lula não temem a instalação de uma CPI para investigar os gastos de membros do governo federal desde sua posse, em 2003. "O presidente está tranqüilo e quando consultado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), deu todo o apoio a CPI. Nós queremos a CPI e temos interesse em que tudo fique claro", reiterou. Questionado sobre a necessidade de abertura de uma CPI na Assembléia Legislativa de São Paulo, respondeu: "Eu acho que CPI é bom em qualquer situação. A transparência é sempre bem-vinda". O chefe de gabinete ressaltou por diversas vezes a criação do Portal da Transparência pelo governo Lula já em 2004, que disponibiliza os gastos dos cartões corporativos de forma discriminada. "Foi graças ao Portal que todos esses dados vieram à tona", disse, sugerindo que a prática fosse adotada por todos os governos estaduais e municipais do País. "O Portal é um salto importante na democracia. Quanto mais luz, mais transparência e menos espaço para corrupção", declarou. Carvalho defendeu o uso dos cartões corporativos por membros do governo federal. "Nós consideramos um instrumentos absolutamente adequado de gasto público. Os erros que foram cometidos naturalmente terão de ser reparados, e as pessoas, responsabilizadas. Mas insisto, ao nosso ver, é o melhor sistema que existe", opinou. Ele disse não ter um cartão corporativo, mas afirmou que se o uso fosse autorizado, utilizaria o instrumento de pagamento com consciência. Para Carvalho, tanto a quantidade de cartões quanto o uso deles para compras no governo deveria aumentar, desde que fossem utilizados com controle e disciplina. Ele observou também que não é correto fazer um "julgamento peremptório generalizado" dos servidores que utilizaram o cartão. "Temos que avaliar caso por caso, cada circunstância em que o gasto foi feito. Os servidores merecem respeito. Não dá para atirar e depois perguntar", disse. Carvalho considera natural que a oposição utilize o assunto para desgastar o governo, "até por falta de projetos".