
16 de dezembro de 2015 | 21h24
BRASÍLIA - No mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República pediu o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a presidente Dilma Rousseff fez uma crítica indireta àquele que foi o responsável por deflagrar o processo de impeachment.
“Não vão conseguir nada atacando a minha biografia. Sou uma mulher que lutou pela democracia, amo meu País e sou honesta. O mais irônico é que muitos querem interromper ao meu mandato tem uma biografia que não resiste a uma rápida pesquisa no Google”, disse Dilma.
Ao chegar à III Conferência Nacional da Juventude, em Brasília, Dilma foi recebida sob gritos de “Não vai ter golpe”. Durante o evento, não faltaram palavras de ordem contra o presidente da Câmara. A presidente chegou a esboçar um sorriso e ensaiou algumas palmas quando a plateia começou a entoar o bordão “Cunha vai cair”.
Em seu discurso, a presidente fez uma enfática defesa do seu mandato e afirmou que seu impeachment será um “golpe” à democracia porque não há justificativa legal para o seu afastamento. “É a isso, a falta de razão, que chamamos de golpe. A Constituição brasileira prevê esse processo, o que ela não prevê é a invenção de motivos”, afirmou.
A petista fez questão de rebater os pontos usados como argumento para a abertura do processo e afirmou que foram regulares os decretos de suplementação orçamentária assinados neste ano, assim como as chamadas “pedaladas fiscais”. “Pagamos o Bolsa Família sim, pagamos o Minha Casa Minha Vida. Ao fazê-lo, sempre respeitamos as leis que existiam”, disse.
Ao lado do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, Dilma chamou o debate sobre impeachment de “batalha que ditará os rumos do País”. Neste momento, ela lembrou a época em que lutou contra a ditadura e comparou a atual situação do País à que levou ao regime militar. “Sabemos que são os pequenos passos que se transforma, em grandes passos, e depois em pesadelo, quando a ditadura é instalada”, disse.
Depois de ser cobrada por jovens que participavam do evento para que o governo faça uma guinada à esquerda, Dilma fez questão de listar uma série de bandeiras que defende nessa direção, como ser contra a redução da maioridade penal e à aprovação da PEC 215, que tira do Executivo a prerrogativa de demarcação das terras indígenas.
Ela também aproveitou para alfinetar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “Nós não mudaremos o Brasil fechando escolas, isso é certo.”
A presidente, porém, não se manifestou sobre as críticas à política econômica do governo. Durante a conferência, os jovens pediram a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Petrobrás. Em seu discurso, Dilma também saiu em defesa da Petrobrás. Segundo ela, a estatal continua sendo a maior empresa deste País. “Enganam-se aqueles que acham que a Petrobrás não tem a força de antes”, disse.
A presidente argumentou que o mundo enfrenta um problema que é a redução do preço do petróleo. De acordo com Dilma, a Petrobrás tem “todas as condições” de gerar recursos, com destaque para o pré-sal.
Dilma ainda falou sobre a crise política que vive o País. “Uma crise que vem sendo ampliada desde o início do ano pela estratégia do quanto pior, melhor”, afirmou.
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