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Não tenho medo de ACM, tenho desprezo, diz Claudio Lembo

O governador paulista rebateu a crítica feita por seu correligionário e voltou a ironizar os tucanos

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador de São Paulo, Claudio Lembo (PFL), criticou hoje o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), a quem chamou de "senhor de engenho". "O ACM me agrediu duramente hoje, me chamando de burro. Ele age como senhor de engenho e pensa que os demais são seus servidores ou lacaios", afirmou. O governador paulista lamentou que seu partido "abrigue pessoas que se equivocaram moralmente" , citando especificamente a "dramática" violação do sigilo do painel eletrônico do Senado, da qual ACM foi acusado de mandante e que motivou a sua renúncia ao cargo. "Eu não tenho medo do ACM, porque burro vai em frente e bate. Eu não o temo, tenho só um profundo desprezo pelo que este senhor fez." "Claudio Lembo fica com esse papo furado de ´elite branca´. O problema dele é que nunca teve um voto na vida. Tem cara de burro", foi a crítica feita por ACM em nota publicada na coluna Painel da Folha. O senador criticou a frase dita pelo governador após os ataques do PCC em São Paulo, que a "elite branca, cedo ou tarde, teria de abrir a bolsa". Lembo voltou a dirigir ironias contra o PSDB, em sabatina promovida na tarde de hoje pelo jornal Folha de S. Paulo. "Eu diria que, como toda ave, eles (os tucanos) têm de andar pelo mundo afora (numa referência à presença dos caciques tucanos em Nova York na semana dos ataques do PCC em São Paulo), e às vezes voam fora de hora, não para eles, talvez, mas para mim". "Gostaria de ter tido o Alckmin ao meu lado (no auge da crise de segurança pública), mas passou e eu sobrevivi". Apesar das críticas aos tucanos, Lembo afirmou que nas eleições de outubro deste ano votará em Geraldo Alckmin para a Presidência da República, "porque ele é uma figura diferenciada". E para o governo de São Paulo, votará em José Serra, por considerá-lo uma pessoa "extremamente competente". O governador disse também que já fez as pazes com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Foi o Ricardo III que nos aproximou", disse, numa referência ao encontro, classificado por ele de cordial, com o ex-presidente, na estréia desta peça na capital. Ao comentar as recentes críticas que tem feito especificamente à "elite branca" e à "minoria perversa", o governador paulista disse que está em seu juízo perfeito, e que poderia ser submetido, sem problemas, a qualquer exame psiquiátrico. "Aos 71 anos de idade, se continuasse calado, num posto elevado como o de governador de São Paulo, eu seria um grande covarde", justificou. Ele explicou que, apesar de ter essa visão crítica há tempos, não havia dito nada antes porque o cargo de vice-governador exigia uma postura "cordata, tranqüila e solidária", para evitar uma crise institucional. "Sou da corrente do Marco Maciel (que foi vice-presidente de FHC)". Função áspera Durante a sabatina, Lembo irritou-se com as perguntas sobre a eventual execução de inocentes pela polícia no episódio da crise de segurança no estado. O governador disse que haverá apuração e inquérito sobre todas as mortes, e que somente o Judiciário poderá dizer se isto ocorreu. "Mas não vejo excesso das minhas duas polícias", defendeu. Apesar dos escândalos que envolveram integrantes do Partido dos Trabalhadores, Lembo acredita que o PT entrará para a história como uma legenda importante, que rompeu com os partidos de matriz conservadora. E lamentou que esta sigla seja muito complexa. Por conta dos escândalos, Cláudio Lembo prevê que o PT deverá ter um resultado negativo nas próximas eleições, principalmente no voto proporcional. Lembo voltou a dizer que apesar da honra de exercer o cargo de governador de São Paulo, este é um fardo pesado. "Graças a Deus falta pouco para terminar, porque é uma função áspera. Questionado qual a marca que seu governo vai deixar, ele respondeu: "sei lá. A partir do dia 2 de janeiro (de 2007), os que quiserem me avaliar podem me mandar um e-mail, e os que não quiserem, me esqueçam", em referencia à frase dita pelo general João Batista Figueiredo ao deixar a Presidência do País em 1985.

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