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'Não tem renúncia. Sem renúncia', afirma Waldir Maranhão

Presidente interino da Câmara rechaçou publicamente a possibilidade de abandonar a função pela primeira vez desde que passou a ocupar o cargo

Por Daiene Cardoso
Atualização:

BRASÍLIA - Pela primeira vez desde que passou a ocupar o cargo, há uma semana, o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), rechaçou publicamente a possibilidade de abandonar a função. "Não tem renúncia. Sem renúncia", declarou nesta sexta-feira, 13, ao chegar a seu gabinete.

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Com pressa, Maranhão atravessou o Salão Verde da Câmara escoltado por seguranças e, como de costume, tentou evitar o contato com os jornalistas. Economizando palavras, o substituto do presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) alegou apenas que "é preciso administrar o País".

Maranhão vem sendo pressionado por líderes partidários a abdicar da presidência. DEM, PSDB e PPS avaliam que o pepista não tem condições de presidir a Casa, principalmente após a tentativa de anular a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, afastada ontem pelo Senado. Ontem, Maranhão ignorou o ultimato dado pelas siglas para anunciar sua renúncia. Agora, os partidos buscam alternativas para destituí-lo.

O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) Foto: André Dusek|Estadão

"Rainha da Inglaterra". Como revelou o Broadcast Político, serviço de informação da Agência Estado, os partidos do chamado "centrão" (PTB, PSD, PR) passaram a discutir a possibilidade de aceitar a permanência de Maranhão na presidência, desde que os membros da Mesa Diretora conduzissem os trabalhos, deixando-o "reinando", mas sem poder de "governar". Assim, o pepista seguiria na função, mas sob orientação principalmente de Mansur. As sessões plenárias seriam presididas por Mansur e a pauta de votações coordenada pelos líderes.

Além de não criar problemas para o presidente em exercício Michel Temer, a avaliação é que a proposta dos partidos do "centrão" tem por trás o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tentaria assim manter o controle sobre os rumos da Câmara. PSDB, PPS e DEM rechaçam a proposta. Os partidos que apoiavam o governo Dilma afirmam que não aceitarão qualquer tentativa de destituição do pepista que não seja pela via da cassação de Cunha. Com o peemedebista cassado, seria possível fazer uma eleição imediata para a presidência da Câmara.

Preocupado com a tensão política na Câmara e o comprometimento da votação de matérias importantes para o início de governo do PMDB, o novo ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, pretende procurar os líderes partidários para negociar uma trégua de 15 dias na pressão pela renúncia do presidente interino da Câmara. Em conversas com líderes da nova base aliada do governo, o presidente da República em exercício pediu uma solução rápida para a situação de Maranhão e manifestou o desejo de que a normalidade na Câmara seja restabelecida.

Pressão. O DEM demonstra pouca disposição em aceitar Maranhão no cargo. A insatisfação cresceu após o segundo-vice-presidente da Câmara, Fernando Giacobo (PR-PR), não aparecer ontem para despachar ao Conselho de Ética o pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar.

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Maranhão é acusado de abusar das prerrogativas de membro do Congresso Nacional ao assinar a anulação da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Giacobo não deu sinais de que pretende assinar a representação, que vinha sendo usada como forma de pressão sobre Maranhão.

Em retaliação, o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM) avisou que já tem preparada a questão de ordem que será apresentada em plenário na próxima terça-feira, 17, e a consulta à Comissão de Constituição e Justiça para declarar a presidência da Câmara vaga. Com o impasse, Maranhão ganha sobrevida até a próxima semana.