''Não tem mais nada que possa ser informado''

Rafael Guerra: primeiro-secretário da Câmara; Tucano defende fim[br]de verba indenizatória, mas sem compensação para parlamentares que acabe elevando gastos

PUBLICIDADE

Por Luciana Nunes Leal e BRASÍLIA
Atualização:

O primeiro-secretário da Câmara, Rafael Guerra (MG), único representante do PSDB na Mesa Diretora, acredita que a divulgação das prestações de contas é o caminho para frear as suspeitas de uso irregular da verba indenizatória. Embora prefira o fim do benefício, o tucano reconhece que não há ambiente político para votar o aumento dos salários dos deputados, que compensaria a extinção da verba. Guerra tem insistido em que a decisão de tornar público o detalhamento das despesas é, antes de tudo, "um serviço ao cidadão". A divulgação detalhada dos gastos com verba indenizatória resolve as suspeitas que envolvem este benefício? Tudo ficará público, não tem mais nada que possa ser informado. Acredito que resolverá, sim. Divulgar o número da nota fiscal, o nome do fornecedor e o valor pago é suficiente? Será suficiente porque o cidadão poderá saber onde foi usada a verba. Pegue um deputado do interior do Paraná, por exemplo, com uma nota de Cascavel. O eleitor pode consultar onde foi gasta a verba, ir lá conferir e pode até cobrar informações do deputado. Há um certo risco de o adversário querer prejudicar a vida dele. Vai dizer que ele usou o dinheiro no estabelecimento do cunhado da prima, de alguém ligado ao deputado. Pode acontecer, mas cada parlamentar vai ter que explicar os gastos que fez. A suspeita sobre os gastos do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) foram decisivos para a decisão de detalhar as contas ou havia uma tendência da Câmara de divulgar os gastos na internet? A tendência da Câmara é pela transparência, é acabar com a contestação em torno da verba indenizatória. Mas sem dúvida o episódio apressou as decisões. A verba indenizatória deve continuar ou ser extinta e substituída por reajuste no salário dos parlamentares? Se tiver uma fórmula para acabar com a verba indenizatória, porque reduz os questionamentos. Mas não pode haver aumento de gastos. Ao contrário. A recomendação é para redução de gastos na Câmara. Há ambiente para votar a equiparação dos salários dos parlamentares aos do Judiciário? Hoje não tem ambiente perante a sociedade para votar reajuste.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.