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?Não somos tão ruins nem tão bons?, diz Lula

Por Agencia Estado
Atualização:

Em meio à nova crise aberta pelas declarações do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, com críticas ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e aos governadores de oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem à sua equipe uma espécie de apelo público à humildade e também uma improvisada ? e inédita - confissão de modéstia. "Nós nem somos tão ruins quanto nossos adversários apregoaram e apregoam, nem somos tão bons quanto pensamos que somos", discursou Lula, ao falar de improviso na solenidade no Hotel Copacabana Palace, em que recebeu o prêmio ?Faz Diferença?, uma homenagem do jornal O Globo a personalidades que se destacaram no ano de 2003. O pronunciamento, marcado também por elogios à paciência da população, foi feito na presença de Dirceu, que pouco antes divulgara nota com um pedido público de desculpas aos governadores por suas declarações, e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, que também fizera um pronunciamento marcado pelo tom humilde. Apenas seres humanos "Somos apenas seres humanos, que fazemos parte de uma geração que brigou durante décadas para chegar aonde chegou, conscientes de cada palavra que falamos durante anos e anos, conscientes das pessoas que morreram para que a gente pudesse chegar lá e não viram a gente chegar, conscientes das pessoas que perderam os seus empregos lutando para que nós pudéssemos chegar aonde chegamos, conscientes de cada palavra e que falamos para pobres e que falamos para ricos", disse Lula. "E as palavras mais importantes que falamos para os ricos foi a Carta ao Povo Brasileiro de junho (de 2002), obra também pensada pelo nosso companheiro Palocci e outros companheiros da coordenação (de campanha) coordenada também pelo Zé Dirceu." Lula agradeceu a "paciência" que o povo teve com seu governo e afirmou que não esperava que, aos 58 anos, fosse aprender a tê-la. "Aprendemos a ter paciência quanto aumento a nossa responsabilidade, quando sai da fase do eu acho para a fase do eu faço", afirmou. Ele disse também que não teria chegado aonde chegou sem "a compreensão e a incompreensão" da imprensa. Deixar a casa em pé "Digo sempre que não fizemos o que pensamos fazer. Encontramos uma casa que tinha sido vítima de um tremor, que estava um pouco, como diria um bom nordestino, avariada. O que fizemos até agora foi colocar uma sustentação no ano passado para não deixar a casa cair, para deixar a casa em pé, com solidez, para que a gente saiba que quer construir não uma casa nova, mas uma casa boa, uma casa digna. Vamos conseguir isso por causa da paciência." Segundo o presidente, a situação econômica do País, no ano passado, estava difícil. "Difícil não, alguns achavam que seria impossível tocar o barco. Conseguimos, com muita frieza, chegar, por causa de vocês", destacou. O presidente disse ter aprendido uma coisa. "Precisamos aprender a exigir do governo tudo o que tem para exigir, mas precisamos aprender também a dar de nós tudo o que podemos dar de nós, como solidariedade, àqueles que não tiveram a mesma oportunidade que tivermos."

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