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Não se pode vender tudo como se fosse crime, diz Lula

Sobre áudios do clã Sarney, presidente diz, em entrevista, que uma coisa é pedir emprego, outra é fazer lobby'

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Por Agência Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 23,ao se referir às mais recentes denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), que "não se pode vender tudo como se fosse um crime de morte". Durante entrevista à Rádio Globo AM, de São Paulo, Lula argumentou que uma coisa é pedir emprego, outra é fazer lobby. "Precisamos saber o tamanho do crime. Uma coisa é você matar, outra é roubar, outra é pedir emprego, outra coisa é relação de influência, outra é lobby", afirmou.

 

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Comentando declarações de ontem em que disse que o Ministério Público precisa proteger a biografia dos investigados, Lula afirmou que quis dizer que as investigações têm que ser corretas. "Eu disse que o Ministério Público, como a instituição que é, tem que tomar cuidado para cumprir ao pé da letra, porque se ele ceder à pressão do Executivo, à pressão da imprensa e à do Legislativo, muitas vezes as pessoas são condenadas antes de se provar que cometeram um crime."

 

A respeito das pressões para um afastamento de Sarney, Lula defendeu investigação, apuração e punição corretas, mas também defendeu a permanência do presidente do Senado. "Não posso entender que cada pessoa que tem uma denúncia tenha que renunciar ao seu cargo", disse.

 

Alianças - Na mesma entrevista, o presidente da República defendeu alianças entre o PT de São Paulo e outros partidos na disputa pelo governo do Estado. "Temos consciência que para ganhar o governo do Estado é preciso que o PT construa uma base de aliança maior. Espero que o PT de São Paulo tenha o cuidado de construir essa aliança política, arrumar novos parceiros para ir para a disputa."

 

Lula fez elogios ao deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), eventual candidato em São Paulo, e disse que o PT deve levar essa possibilidade a sério. "Não sei se o Ciro quer ser candidato em SP, mas esta é sempre uma grande oportunidade. Ele é um homem altamente preparado, um companheiro da mais alta competência. Se ele quiser ser candidato em SP e conversar com o PT eu acho que essa é uma boa conversa e acho que o PT precisa levar muito a sério essa possibilidade", afirmou.

 

Buarque critica

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O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou a declaração feita pelo presidente  na cerimônia de posse do novo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Na ocasião, Lula afirmou que o Ministério Público deve agir com o máximo de seriedade, "não pensando apenas na biografia de quem está investigando, mas pensando, da mesma forma, na biografia de quem está sendo investigado."

 

Cristovam considerou que o presidente Lula prestou "um desserviço" ao fazer essa afirmação. "A biografia é para os livros", disse o senador pedetista. "Uma coisa é história, e outra é política". A pesar de Lula não ter citado nomes em sua declaração, Cristovam a interpretou como uma referência ao caso de Fernando Sarney, um dos filhos do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Fernando foi indiciado pela Polícia Federal sob acusação de lavagem de dinheiro.

 

A opinião de Cristovam é a de que José Sarney só está se mantendo à frente do Senado, depois das denúncias de que participou diretamente da nomeação de pessoas por ato secreto e sem concurso, porque está recebendo apoio de Lula. "A blindagem mais forte do Sarney no Senado é a blindagem de Lula e de seus aliados, disse.

 

"Lula tem um papel de educador - o que ele diz a população ouve. A fala dele tem o poder de corromper as pessoas. Fica parecendo que o Senado é ruim, e ele é bom", completou o senador.

 

Gripe suína 

 

 Lula considerou "extraordinária" a atuação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no combate à gripe suína e disse que o governo está fazendo o possível. "No próximo inverno teremos vacina para conter o vírus e a probabilidade é que vire uma gripe como a que já temos hoje, com vacina e remédios apropriados."

 

(Com Carol Pires, da AE)

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