PUBLICIDADE

'Não haverá oferta para acomodar lideranças'

Para o ambientalista, será preciso concordar com o programa de governo para fazer parte da equipe de um governo Marina

Por João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

Caso seja eleita, Marina Silva (PSB) criará uma cláusula pétrea para a montagem de seu governo e a relação com o Congresso. É o que diz João Paulo Capobianco, homem de confiança e um dos principais coordenadores da campanha de Marina. "Não será feita troca política nem oferta para acomodar lideranças. A escolha será por relevância da agenda, com harmonia da equipe e concordância com o programa de governo", define ele. E acrescenta: ela não divulgará nenhum nome antes do fim da eleição. "Tudo o que aparecer por aí será especulação das brabas."

Marina é a favorita para ganhar a eleição?

De jeito nenhum. Não há passagem para o 2.º turno antes de 5 de outubro nem vitória antes do dia 27. Ela já disse que ninguém calçará sapato de salto alto.

Mas já existem até listas de futuros ministros de um eventual governo Marina.

PUBLICIDADE

Isso é especulação das brabas. Na nossa opinião, foi um desastre em todos os sentidos o anúncio pelo Aécio Neves (candidato do PSDB à Presidência) de Armínio Fraga para a Fazenda. É quase um estelionato, porque você tenta vender a ideia de que, se alguém não confia em você, pode confiar num futuro ministro. E não é assim. O Brasil é presidencialista. O brasileiro elege o presidente e cobra dele que cumpra o programa de governo.

Como serão a montagem do ministério e a negociação com os partidos para a formação de uma base parlamentar no Congresso?

Temos uma cláusula pétrea: não será feita troca política nem nenhuma oferta para acomodar lideranças. A escolha será por relevância da agenda, com harmonia da equipe e concordância com o programa de governo. Montar o ministério e a equipe de governo será como no sudoku (quebra-cabeça baseado na lógica): não haverá repetição de casas nem números; e não poderão faltar casas nem números. Montar a equipe de governo não é um jogo de xadrez. Nosso desafio será manter todas as peças e não derrubá-las até que no tabuleiro um dos reis caia. Todos terão oportunidades iguais, integrados e harmônicos.

Publicidade

Em resumo, não haverá fogo amigo entre os ministros?

Não vejo num governo de Marina cenas como as que já vimos, de ministro ir ao Congresso atacar outro ministro. Não por uma questão de centralismo democrático, que é contra os princípios de Marina. Mas porque primeiro se busca o consenso e a resolução das pendências.

A coligação tem quadros para montar a equipe de governo?Tem até excesso. O mais difícil será restringir peças, cortar de forma inteligente para conseguir compor a equipe com tantas pessoas e ideias que vêm sendo oferecidas. Temos sido procurados todos os dias por lideranças do setor financeiro ao agronegócio, da academia à saúde, da educação à infraestrutura, do esporte à política externa, todos com estudos e experiências a contribuir com esta nova política. E ninguém pede nada em troca. Oferecem propostas, experiências, colaboração.

Alguns nomes são considerados consensuais na equipe ministerial, como o seu, dada a proximidade com a candidata.

Nós, que estamos próximos da Marina, temos absoluta convicção de que não estaremos no governo. Tudo vai depender das circunstâncias. Por exemplo: pessoas que estão muito perto dela, mas que por características próprias são de difícil integração com equipes, ficarão de fora. Marina trabalha por equipe, e não de forma individual, mesmo que seja muito próximo.

Marina tem dito que não quer a reeleição. Isso é um chamariz, uma forma de deixar outros partidos à vontade para apoiá-la?

De jeito nenhum. Com a reeleição, tudo num governo fica relativo, pois a preocupação com a possibilidade de um novo mandato passa a ser mais importante que a própria governança. Por isso Marina vai mandar ao Congresso um projeto de reforma política com mandato de cinco anos para o presidente, sem valer para ela, e sem reeleição.

Publicidade

Antes de entrar para o PSB, Marina tentou criar o partido Rede Sustentabilidade. Qual é o futuro da Rede?

A criação da Rede é irreversível. Vai seguir seu rumo próprio.

A candidata vai deixar o PSB para entrar na Rede assim que a eleição terminar?

Ela não sabe se mudará. Tem pensado e refletido muito. É uma decisão que só cabe a ela.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.