'Não há conclusão', diz Lula sobre ligação de preso com Al-Qaeda

Governo diz que investigação sobre homem preso em São Paulo é sigilosa, mas não nega suspeita.

PUBLICIDADE

Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira, em Salvador, que "não há conclusão" sobre a ligação entre um homem detido em São Paulo e a rede extremista Al-Qaeda. De acordo com reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de São Paulo, o suspeito seria do "alto escalão" da Al-Qaeda e ligado ao setor de comunicações internacionais do grupo. O jornal diz ainda que a prisão seria resultado da cooperação entre a Polícia Federal e o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos.Questionados pela BBC Brasil sobre a suposta ligação do homem com a Al-Qaeda, porta-vozes da Polícia Federal, do Ministério da Justiça e do Palácio do Planalto se limitaram a afirmar que a investigação é sigilosa, mas não negaram a possibilidade. O governo não confirma se a ligação do cidadão estrangeiro com a Al-Qaeda está sendo investigada. Na noite desta terça-feira, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que o suspeito ainda está preso nas dependências da Polícia Federal em São Paulo. Sem confirmação "Não tem nenhuma conclusão para acusar a pessoa do que quer que seja", disse o presidente Lula, logo após um encontro com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em Salvador. "Pela própria matéria (da Folha), parece que a denúncia não partiu do Brasil, e sim de fora", disse Lula"Acho desrespeitoso alguém de fora dar palpite sobre um cidadão, independentemente de sua origem, que foi preso e está sendo processado sob segredo de Justiça e que alguém de fora tenha dado palpite sobre as coisas brasileiras", disse o presidente.A Polícia Federal confirmou, em nota, que um cidadão estrangeiro foi preso no dia 26 de abril por "propagação de mensagens com conteúdo racista pela internet". A nota diz ainda que "a prática era difundida em uma rede pessoal de relacionamento, com membros de outros países, conduta que ensejou a entrada da PF na investigação".A Polícia Federal, no entanto, disse que não comentaria sobre a suposta ligação do cidadão estrangeiro com a rede Al-Qaeda. Também não foram informadas sua identidade e nacionalidade. "A investigação corre sob segredo de Justiça", diz a nota.Procurada pela BBC Brasil, a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), por meio de uma porta-voz, se recusou a comentar o caso. CrimeO especialista em Direito Penal e professor da Univali, João José Leal, diz que o crime de terrorismo não está claramente tipificado na legislação brasileira.Segundo ele, definir o crime de terrorismo "é uma tarefa complexa" e que apenas os países mais desenvolvidos - sobretudo Estados Unidos e Europa - já o fizeram."O cidadão teria que cometer algum outro crime tipificado em nossa legislação, como homicídio ou um atentado contra o patrimônio público", diz.Ainda de acordo com o especialista, os estrangeiros legais que cometem crimes em território brasileiro devem responder apenas à legislação local. A extradição, por exemplo, só acontece se aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.