O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta sexta-feira, 11,que não há acusação política contra o sócio-fundador do Banco Opportunity, Daniel Dantas, por parte da Polícia Federal (PF). "Existe trabalho técnico, escuta telefônica permitida pelo poder Judiciário e comprovação de tentativa de compras de policiais. Há um trabalho de perícia rigoroso," destacou o ministro, após participar de evento na Prefeitura de São Paulo. Veja também: Opine sobre nova decisão que dá liberdade a Dantas Íntegra da decisão assinada pelo presidente do STF STF manda soltar Celso Pitta, Naji Nahas e mais nove Dantas ofereceu suborno de US$ 1 milhão para escapar da prisão, diz MP Você concorda: não há mais intocáveis no País Entenda como funcionava o esquema criminoso Veja as principais operações da PF desde 2003 Entenda o nome da Operação Satiagraha, que prendeu Dantas De acordo com o ministro, as investigações da PF detectaram "um sistema criminoso que foi instaurado, agredindo a estabilidade do sistema financeiro". Dantas é suspeito de cometer, entre outros crimes, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção ativa, pois teria, através de dois emissários, tentado oferecer US$ 1 milhão ao delegado da Polícia Federal, Vitor Hugo Alves Ferreira, a fim de que o seu nome, o de sua irmã, Verônica Dantas e o filho, não constassem do inquérito da PF. Na avaliação do ministro da Justiça, é natural que um suspeito de ter cometido crimes evoque questões políticas, pois essa é uma estratégia que tenta provocar simpatia em uma parte da opinião pública. "Mas isso é completamente vazio, até porque, segundo informações (divulgadas pela imprensa) o réu principal desse processo disse que tinha relações políticas com todo mundo, com todos os partidos. E essas relações não são necessariamente criminosas. Podem ser e podem não ser. Há relações de empresários com o mundo político, o que é normal no Brasil," reiterou o ministro. Denúncia acolhida O ministro Tarso Genro avaliou que a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, de conceder novo habeas-corpus em favor de Daniel Dantas não sinaliza fragilidade das investigações realizadas pela PF. "Quando se trabalha sobre um habeas-corpus, o que está se verificando é se há condições apropriadas para liberar aquele que está sendo detido", comentou. E continuou: "O processo continua com normalidade, não há nenhum juízo sobre a eficácia da prova que está muito bem feita. A denúncia seguramente será acolhida pelo poder Judiciário. A própria Procuradoria da República já se manifestou e haverá seguramente a denúncia que será acolhida pelo poder Judiciário." De acordo com o ministro, "é normal a diferença de concepção entre a primeira instância (do Judiciário) e o STF" relativa às decisões do juiz titular da 6ª Vara Federal Criminal, Fausto Martin De Sanctis, que pediu a prisão preventiva de Daniel Dantas por duas vezes, mas que foram revogadas por habeas-corpus concedidos pelo ministro Gilmar Mendes. "A legislação processual dá possibilidade de interpretações diferentes a respeito do alcance da prisão preventiva e provisória. O Ministério da Justiça não pode se manifestar sobre o contencioso técnico envolvendo o Ministério Público e Poder Judiciário e a primeira instância (da Justiça) e o STF." Monitoramento O ministro reafirmou que a PF não fez nenhuma atividade de monitoramento no gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. "Eu conversei com o juiz titular da 6ª Vara Federal Criminal, Fausto Martin De Sanctis, e com o ministro Gilmar Mendes. Mostrei a ele,(presidente do STF) que o juiz (De Sanctis), segundo me informou, não determinou qualquer vigilância de seu gabinete. E se determinasse, a Polícia Federal não cumpriria. O juiz sabe que não é de sua competência determinar a escuta do ministro do STF", emendou. De acordo com Tarso, o ministro Gilmar Mendes já foi informado que a Polícia Federal está à sua disposição para investigar quem poderia estar fazendo eventual monitoramento dele. "Esta informação que circulou, de que a Polícia Federal estaria fazendo acompanhamento do ministro Gilmar Mendes, atribuo à alguém que quer jogar querosene na fogueira e perturbar as relações entre os poderes para tirar alguma vantagem. Se isso foi feito (monitoramento), a pessoa que fez não está sob mando do Estado, mas a soldo de alguém, esse alguém só pode ser um criminoso." O ministro da Justiça, questionado se Daniel Dantas poderia fugir do País a partir da sua liberdade, disse não acreditar que isso pode ocorrer. "A possibilidade de fuga está contida em quem está em liberdade, mas como Daniel Dantas tem insistido que é inocente, nós esperamos que ele fique (no País) para provar sua inocência e responder o processo", frisou Tarso.