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Não é 'feio' reivindicar aumento para juízes, diz Lewandowski

Em encontro de juízes estaduais, ex-presidente do STF faz defesa enfática do reajuste do salário de magistrados

Por Rafael Moraes Moura
Atualização:

PORTO SEGURO (BA) - O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma defesa enfática do reajuste do salário de juízes nesta quinta-feira, 3, dizendo que os magistrados são trabalhadores cujos vencimentos são corroídos pela inflação. Para Lewandowski, o posicionamento a favor do reajuste não é “feio” nem “antissocial”.

O ex-presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski Foto: André Dusek|Estadão

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Um projeto que tramita no Senado prevê um reajuste de 16,3% nos vencimentos dos ministros do Supremo, dos atuais R$ 33.763,00 para R$ 39.293,32, em janeiro de 2017.Caso seja concedido, o  reajuste dos ministros do STF provocará um efeito cascata em todo o País, atingindo inclusive a remuneração de ministros dos tribunais superiores – Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Superior Tribunal Militar (STM) –, que têm salário equivalente a 95% dos seus colegas do STF, conforme prevê a Constituição Federal.

“O juiz e a juíza, no fundo, são trabalhadores como outros quaisquer e têm os seus vencimentos hoje corroídos pela inflação. Condomínio aumenta, IPTU aumenta, a escola aumenta, a gasolina aumenta, o supermercado aumenta. E o salário do juiz não aumenta? E reivindicar é feio?”, questionou Lewandowski, sob aplausos do público. O ministro fez a palestra de abertura do 6.º Encontro Nacional de Juízes Estaduais (Enaje), que ocorrerá até sábado, 5, em Porto Seguro e Arraial d'Ajuda, no litoral baiano.

“É antissocial isso (reinvidicar o reajuste)? Absolutamente não. Para que nós possamos prestar um serviço digno, é preciso que tenhamos condições de trabalho dignas e vencimentos condizentes com o valor do serviço que prestamos para a sociedade brasileira”, completou Lewandowski, que deixou a presidência do STF em setembro.

Bullying. A atual presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, já deixou claro que não levantará a bandeira do reajuste, adotando um estilo anticorporativista diferente de seu antecessor.

“Nenhum bom juiz brasileiro quer que o aumento da sua remuneração seja pago à custa de 12 milhões de desempregados”, disse Cármen no dia 17 de outubro, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Em reunião com governadores de todo o País em setembro, Cármen citou inclusive o caso de “bullying” ocorrido com um filho de juiz, que teria sido maltratado na escola por causa das discussões envolvendo o aumento salarial do Judiciário.

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*O repórter viajou a convite da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).