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"Não conseguirão me tirar da vida pública", diz Jader

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente do Senado, Jáder Barbalho (PMDB-PA), afirmou neste domingo em Belém que seus inimigos pessoais e políticos poderão recorrer ao serviço de pistoleiros para matá-lo, porque politicamente não conseguiram e nem conseguirão eliminá-lo da vida pública com uma "vilania igual a que foi perpetrada pela Justiça Federal do Tocantins, mas felizmente desmoralizada pelo Tribunal Regional Federal". Jáder se referia à decisão do presidente do TRF da 1ª Região, juiz Fernando Tourinho, que na noite de sábado concedeu-lhe habeas-corpus para que ele responda em liberdade pelas acusações de cobrança de propina para liberar recursos da extinta Sudam. Jáder foi preso no sábado pela manhã em Belém por determinação do juiz da 2ª Vara Federal de Palmas, Alderico Rocha Santos, que expediu mandado contra outras dez pessoas acusadas de fraudes na Sudam. "Os meus inimigos políticos no Pará, em Brasília e na Bahia fracassaram mais uma vez na perseguição sistemática que movem contra mim desde que eu enfrentei, e venci, o todo poderoso senador Antonio Carlos Magalhães, de quem eles tinha verdadeiro pavor, porque é um homem que mandava até no presidente da República", disse o ex-senador paraense. E avisa: "eles que aguardem o grande julgamento político que virá das urnas, quando todos eles levarão de mim uma tremenda surra". Criticando a grande imprensa nacional, principalmente as revistas Época e Istoé, além do jornal Folha de São Paulo, a quem acusa de fazerem parte do esquema que redundou em sua prisão- "o mandado da Justiça era sigiloso, mas esses veículos de comunicação tiveram tempo de montar com tranqüilidade suas edições, que normalmente fecham na sexta-feira, para uma prisão que só iria acontecer no sábado"-, Jader garantiu, em entrevista ao Estado, estar "feliz, porém chocado", com sua liberdade e a maneira como aconteceu a prisão decretada pelo juiz Alderico Santos. De acordo com o ex-senador, a prisão teve "nítido caráter político", porque juridicamente o juiz Tourinho Neto "desmoralizou a farsa", colocando o processo a que responde no "rumo da legalidade". Jader disse que até agora não ouvido sobre nenhuma das acusações que fazem contra ele no caso Sudam. "Só tomo conhecimento disso pela imprensa, o que é muito estranho". Estado - Como está seu dia hoje depois de ficar algumas horas preso no sábado na sede na Polícia Federal, em Palmas (TO) e só ter retornado na madrugada de ontem a Belém? Jader- Fui recebido às 3 da madrugada no aeroporto de Belém por centenas de pessoas, a maioria anônimas, mas que sempre estiveram comigo nessa caminhada política ao longo de 35 anos de vida pública, onde eu tenho tido muito mais alegrias do que tristezas. Foi gente humilde, e também amigos e correligionários do PMDB e de outros partidos, que foram levar a solidariedade pelo que passei nessas horas. Quando cheguei em casa, o telefone não parou mais de tocar. Pessoas ligaram para dizer que rezaram muito por mim. Eu disse a elas que também rezei muito, agradecendo a Deus pela força que ele me tem dado para suportar as perseguições e as vilanias da vida. As manifestações do povo do Pará, desses caboclos iguais a mim, que não se deixam abater pelas adversidades, me deixaram mais uma vez profundamente reconfortado. É isto que revigora a gente para as novas batalhas que virão. Estado - A Justiça Federal do Tocantins mandou prendê-lo para que respondesse na cadeia por acusações de cobrança de propina para aprovar projetos de empresários na extinta Sudam. Como o sr. encarou essa ordem de prisão? Jader -Todos no Brasil, especialmente no Pará, sabem que sou vítima de uma campanha orquestrada por inimigos políticos e por uma parte da grande mídia nacional, ligadas aos banqueiros e aos grandes grupos econômicos deste país, a partir do momento em que decidi fazer o que ninguém tinha coragem: enfrentar, e derrotar, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, que mandava e desmandava neste país, inclusive no presidente da República, praticando as maiores violências. Depois dessa vitória, o Antonio Carlos e todo os seus aliados, políticos, banqueiros e empreiteiras, passaram a financiar com muito dinheiro uma campanha para me destruir. Inventaram histórias e calúnias, coisas sem o menor fundamento, mas que me obrigaram a deixar o Senado. Aí, depois de toda a campanha, veio o resultado na perícia do caso Banpará, que diz que tudo era improcedente e que documentos foram montados contra mim. A própria Justiça Federal também disse que aquelas histórias sobre o ranário da minha mulher e sobre a Sudam também não passam de mentiras e invenções dessa gente. Foi aí que eles ficaram preocupados, porque tudo o que haviam montado acabou desmoralizado. Aí montaram essa nova farsa, da qual, lamentavelmente, se utilizaram da Justiça Federal do Tocantins. Mas você viu que o TRF pensa disso. Concedeu um habeas-corpus e deu a resposta aos farsantes, uma resposta dentro da lei. Estado - O sr. vive falando em inimigos e tramas para prejudicá-lo. Por que eles querem tirá-lo da vida pública? É apenas uma questão de concorrência? Jader - Os meus inimigos lá de fora juntaram forças com os meus inimigos do Pará e agora, para eles, é tudo ou nada. O problema é que tem um pessoal aqui no Pará que não consegue de forma alguma deixar de esconder uma dor de cotovelo imensa em relação a amizade e a benquerência que o povo do meu Estado tem por mim. Ultimamente, depois da minha saída do Senado, eles passaram a fazer uma pesquisa em cima da outra para saber como anda o meu prestígio junto ao povo. E sabe qual foi o resultado? Em todas as pesquisas deles eu estou disparado na preferência popular, seja para o governo ou para o Senado. Com esses números em mãos, eles caíram na besteira de montar a farsa da minha prisão. Estado - Quem montou isto que o sr. chama de nova farsa? Quem são essas pessoas de que tanto o sr. fala? Jader - Veja o caso do senador Romeu Tuma. A técnica da minha prisão é a mesma que o Tuma, que veio da ditadura militar e a ela serviu como grande policial, utilizava antigamente com toda a violência do regime de exceção. Eles montavam prisões e sem dar às pessoas acusadas o direito de defesa, arrancavam essas pessoas das suas casas, algemavam, e exibiam por aí. Quer dizer, depois de eles cometerem as maiores violências, essas pessoas eram liberadas. Isto quando não essas pessoas não eram mortas ou violentadas. É gente que vem de longe e tem toda uma técnica de ação. Foi assim que montaram o esquema lá no Tocantins, onde o governo (Siqueira Campos) é do PFL. Combinaram tudo e vieram para o Pará, para executar o esquema com seus os aliados daqui. E tudo isto motivado pelo meu crescimento eleitoral. No Pará, os aliados dessa gente andam apavorados com a possibilidade de eu me candidatar a governador e aplique neles uma surra nas urnas, com a ajuda da população. Eles fizeram tudo certinho, num final de semana e num sábado pela manhã. A violência ficou dentro do figurino. Fui preso, violentado em meus direitos e sem ao menos saber do que estava sendo acusado, porque até esse direito a Justiça Federal do Tocantins me sonegou, e fui levado para outro Estado para ser desmoralizado, para que a imprensa nacional pudesse publicar tudo o que eles queriam. Se o Cristo, que só pregava o amor e a fraternidade entre os homens foi preso e acabou crucificado entre dois ladrões, por que eu, um pobre cristão e pecador, não poderia sofrer violências nas mãos desses novos, Anás, Caifás e fariseus? Prefiro contabilizar isto tudo como algo que faz parte da minha vida. Estado - É verdade que o sr. está sendo advertido para tomar cuidado com sua vida? Jader - Já me disseram que se os meus inimigos já tentaram de tudo e não conseguiram acabar comigo, só resta agora eles mandarem me matar. E para isto basta contratar alguns pistoleiros. Se eles não conseguiram me assassinar em prestígio junto ao povo do Pará, então eu teria que me preparar e proteger minha vida. Estado - Onde foi que a Justiça Federal do Tocantins o prejudicou, como o sr. alega? Jader - Sequer eu fui citado alguma vez por essa Justiça do Tocantins e não sei sobre o que ela está me processando. O meu advogado é que tentou saber qualquer era a acusação contra mim, mas ainda assim não conseguiu. O TRF teve que pedir informações ao juiz do Tocantins para que pudesse julgar o meu pedido de habeas-corpus. Isto só existia no fascismo do Mussolini, na Itália, ou no nazismo do Hitler, na Alemanha, ou ainda no comunismo da União Soviética. Estado - Qual a visão que o sr. tem da Justiça? Jader - Apesar de existirem maus juízes, também existem os bons. Veja o que fez o juiz do Tribunal de Brasília nessa minha prisão: ele desmoralizou a Justiça Federal do Tocantins. Eu quero que você leia a sentenção do juiz Tourinho. Foi prisão sem fundamento legal e considerada arbitrária, que determinou a minha soltura imediata. O que eles queriam era o quê? Mostrar ao Brasil o Jáder Barbalho preso, levado para outro Estado algemado, e também festejar, como fizeram o ACM, em Salvador, e alguns aqui no Pará. O tiro deles saiu pela culatra. Pensavam que com toda a campanha que fizeram contra mim, o povo do Pará ia me abandonar ou eu mesmo me acovardar. Foi pior, porque agora mesmo é que eu sou mais querido e todo mundo vê que sou vítima dessa gente. Estado - O que o sr. vai nos próximos dias? Jader - O que sei fazer: política. Vou continuar visitando os municípios e tocando minha vida. Em maio, serei pai mais uma vez. Deus me concedeu duas graças: a de se novamente pai e ter uma mulher maravilhosa como a Márcia. Vou visitar meus país, que já estão velhinhos e sofreram muito com tudo o que fizeram contra mim. Também não deixarei de ir à igreja, rezar e agradecer mais uma vez a Deus pela generosidade com que ele tem olhado por este caboclo paraense, que é duro na queda e que ainda pretende fazer muito pelo povo do Pará. Estado - Algum recado especial para os seus inimigos políticos? Jader - Eu quero apenas convidá-los para o grande julgamento de outubro. E eles que não fujam, porque é lá, nas urnas, que irão tomar uma surra inesquecível. Eles já apanharam outras vezes na disputa pelo governo do Pará e vão apanhar novamente. Se eu decidir sair candidato ao Senado, também voltarei com votação esmagadora a Brasília. Eles também que me aguardem por lá.

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