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Não brinco com a democracia, diz Lula sobre 3º mandato

'Quem quer o terceiro (mandato) pode querer o quarto, o quinto ou o sexto', afirma em visita à Guatemala

Por Tania Monteiro e da Agência Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a descartar nesta terça-feira, 2, a hipótese de um terceiro mandato presidencial. Em entrevista à imprensa, após receber as chaves da cidade na prefeitura da capital guatemalteca, Lula foi enfático ao declarar que "o Brasil não deve ter terceiro mandato". O presidente comentou, no entanto, que não vê "nenhum mal" no fato de que presidentes de outros países queiram ter terceiros mandatos, com o presidente venezuelano Hugo Chávez. "Mas que tem que ser eleito. O Uribe pode se eleger ou não, mas tudo tem de ser feito dentro do exercício da democracia", disse Lula, numa referência ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que já declarou intenção de se candidatar à reeleição em 2010.

 

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Lula defendeu a democracia e a alternância de poder e voltou a declarar que "não existe hipótese de terceiro mandato", acrescentando, no entanto, que "ficou feliz" com os resultados recentes de pesquisas de opinião que mostram que tem muita gente favorável a um novo mandato seu. "Mas, eu não brinco com a democracia. Quem quer o terceiro (mandato) pode querer o quarto, o quinto ou o sexto", disse.

 

O presidente destacou que, há vinte anos, nenhum analista acreditava que os presidentes Álvaro Colom (Guatemala), Cristina Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia) e Michele Bachelet (Chile) pudessem chegar ao poder e, por isso, ressaltou, "a alternância é importante". Lula aproveitou para dar um recado para a oposição, dizendo que, "ao ganhar as eleições, o novo governante tem de governar, tem de ter tranquilidade para governar para deixar o país crescer e não pode passar o tempo todo combatendo problemas internos". "Quem perder, tem de compreender que quem ganhou tem de governar", disse.

 

Ele comentou, no entanto, que há muitas críticas em relação ao que acontece em outros países, mas na Europa os ministros ficam 16 anos no poder. "Lá é um colégio que os elege e ninguém critica". Questionado se estava dando apoio direto ao presidente Álvaro Colom, que está sendo acusado de ter responsabilidade na morte de um advogado em seu país, o presidente declarou que estava dando apoio à democracia e lembrou o que aconteceu com ele, em 2005, no episódio do mensalão, o que aconteceu com Evo Morales e com Hugo Chávez. "Muitas vezes, as acusações são levianas e também por não gostarem que tivesse alternância de poder", declarou o presidente, ao ressaltar que pretende visitar o Irã.

 

Segundo ele, quando faz uma visita oficial, quem está ali é o chefe de Estado e não a pessoa física. "Portanto, quem governa o Irã não importa e isso tem que ser visto sem preconceito". Para ele, criticar o fato de ele estar em um país aonde o governante está sofrendo acusações ou o fato de ele ir ao Irã "é uma visão muito tacanha da relação internacional".

 

Antes da entrevista, em seu discurso na solenidade da prefeitura da cidade de Guatemala, o presidente já tinha falado da importância da alternância do poder no país e lembrou que ele foi oposição durante muitos anos. "Já falei muito mal do governo na minha vida. E falávamos mal porque achávamos que o poder era tão distante e porque achávamos que não íamos chegar lá", disse.

 

Lula acrescentou que só acreditou que poderia chegar ao poder quando, em 1989, conseguiu 47% dos voto. "Aí comecei a acreditar que estava errado e só o exercício da democracia poderia permitir que um obreiro chegasse à presidência da 10ª ou 8ª potência do mundo, dependendo do índice que olharmos", disse.

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