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Não aceitamos liberdade de voto no PT, diz Genoino

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente nacional do PT, José Genoino, disse que a abertura de processo na Comissão de Ética contra os parlamentares radicais ocorreu em razão da oposição sistemática dos três parlamentares - senadora Heloísa Helena (AL) e deputados federais João Batista Babá (PA) e Luciana Genro (RS). "Não aceitamos liberdade de voto no PT, pois o partido é a sustentação da coluna vertebral do governo Lula", reiterou Genoino. Segundo o presidente do partido, a executiva propôs aos radicais que debatessem internamente suas posições, porém, desse a garantia de que não iriam votar contra a orientação da bancada. A Comissão de Ética instaurada hoje terá um prazo de 30 a 60 dias para encaminhar um parecer ao Diretório Nacional do partido, que tomará as providências necessárias. Os três parlamentares terão pleno direito à defesa e explicação, garantiu Genoino. "A oposição sistemática desses parlamentares é incompatível com as ações do partido", destacou Genoino. Segundo ele, não foram as opiniões políticas, mas sim os fatos concretos "praticados contra o governo do PT" que levou a este contencioso. O presidente da legenda disse, também, que os membros da Executiva fizeram um apelo para que eles aceitassem o acordo de votar de acordo com orientação da bancada. "Mas eles não aceitaram e reafirmaram que não poderiam fazer isso", completou ele. Segundo o presidente do PT, o senador Paulo Paim (RS) e o deputado Lindberg Farias (RJ) escaparam deste processo porque afirmaram que irão votar de acordo com orientação da bancada. "Esses dois parlamentares disseram que continuarão mantendo suas posições políticas e debates, porém no final irão acatar a decisão final do partido." Para Genoino, "não há como separar o PT do governo Lula e o governo Lula do PT". Indisciplina A indisciplina partidária definida no artigo 209 dos estatutos do Partido dos Trabalhadores foi a base legal encontrada para abrir processo contra os parlamentares radicais. "A Executiva Nacional do PT considera que a oposição sistemática que esses companheiros vêm fazendo às diretrizes do partido e ao governo são atitudes de franca quebra da unidade de ação do partido", diz um dos trechos da nota oficial distribuída pelo partido no final da reunião realizada hoje. Na mesma nota, a Executiva Nacional do PT considerou que o comportamento desses parlamentares "chegou no limite do tolerável". Segundo o documento, a Executiva considera a disciplina de voto um princípio inegociável. "Apoiar o governo Lula é uma deliberação do Diretório Nacional do PT que deve ser acatada por todos os filiados, principalmente por aqueles que têm a responsabilidade de representar eleitores que votaram nos candidatos do PT", continua a nota oficial do partido. De acordo com os estatutos do PT, a Comissão de Ética será instalada "no espírito do que definem os artigos 202 e 203". Esses artigos dizem basicamente que as Comissões de Ética e Disciplina são órgãos de cooperação política com o objetivo de contribuir prioritariamente para a superação das divergências políticas. A comissão terá um prazo de 30 a 60 dias para encaminhar um relatório sobre o caso ao Diretório Nacional do partido. Durante este período, os três parlamentares terão direito de expor suas defesas. Intransigência Genoino afirmou que a direção nacional do partido tentou até o último momento da reunião entrar em um acordo com os radicais para não instalar a Comissão de Ética, mas que os dois deputados e a senadora foram "intransigentes até o final". De acordo com Genoino, a direção propôs aos três que se comprometessem a votar na decisão do PT, depois que fosse fechada a posição e após um grande debate dentro do partido. "Mas eles não aceitaram. Gostaríamos muito que estivéssemos comunicando a vocês que eles estariam votando com a maioria, mas isso não aconteceu", disse ele Segundo Genoino, não há nenhuma restrição a críticas dentro do partido. "Mas o partido não pode fugir da responsabilidade de ser a coluna vertebral desse governo. A medida tomada pela Executiva Nacional é para mostrar aos aliados e a oposição que o partido é a viga mestra", argumentou.

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