Na TV, petista faz campanha mais agressiva

Programa de Dilma usa 26% do tempo com críticas a Aécio, que dedica 19% do horário para os ataques

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Por Isadora Peron e Ricardo Chapola
Atualização:

Na primeira semana de horário eleitoral no 2.º turno, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi a que mais partiu para o ataque na TV. Consequentemente, o seu adversário, Aécio Neves (PSDB), usou quase o triplo do tempo que ela para se defender. Levantamento feito pelo Estado durante os sete primeiros dias em que os programas foram ao ar constatou que a petista usou 26% do seu tempo para fazer críticas ao tucano. Aécio, por sua vez, destinou 19% para esse fim.

Candidata do PT à reeleição usou, na primeira semana de horário eleitoral do segundo turno, 26% do tempo para atacar a oposição. Foto: Ed Ferreira

Os programas começaram a ser exibidos na noite do dia 9 de outubro. Como no 2.º turno os candidatos têm direito a tempos iguais na TV - dois blocos de dez minutos -, até a noite do dia 16 haviam sido veiculados 15 programas, num total de cinco horas de programação. Apesar de historicamente esta fase da eleição se caracterizar por ser mais propositiva, o horário eleitoral deste ano reflete o clima de troca de acusações estabelecido pelos dois candidatos no dia a dia da campanha. O tema principal escolhido por Dilma para atacar o tucano foi o fato de Aécio ter dito que vai indicar o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga para o Ministério da Fazenda caso seja eleito. As críticas ao economista foram exibidas em trechos de quatro dos 15 programas do PT que foram ao ar na primeira semana. Segundo a propaganda de Dilma, a indicação de Fraga para a Fazenda representa uma das "medidas impopulares" anunciadas por Aécio para combater a crise econômica. A campanha da petista diz que a dívida pública dobrou, a inflação cresceu e a taxa de juros chegou a 45% ao ano na gestão de Fraga no BC. Em outra linha de frente, a campanha de Dilma dedicou cinco programas para criticar os dois governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Nas duas primeiras propagandas - veiculadas na noite de 9 de outubro e na tarde do dia 10 -, o PT exibiu as declarações do ex-presidente em entrevista na qual ele afirmou que os mais pobres votam no PT por serem "menos informados". Para se defender dos ataques, Aécio mostrou na TV uma carta enviada por Dilma a FHC, em 2011, quando o tucano completou 8o anos. No texto, a petista faz elogios ao ex-presidente e a algumas medidas tomadas por ele durante seu mandato. Aécio também partiu para o ataque e centrou fogo em dois temas principais contra a adversária: o suposto esquema de corrupção da Petrobrás e a desaceleração da economia. Na última quinta-feira, o tucano usou quase metade dos seus dez minutos na TV para atacar Dilma. "Gota a gota, o atual governo vem destruindo a Petrobrás. De escândalo a escândalo, o governo Dilma permitiu que a nossa maior empresa virasse um caso de polícia", dizia o texto. O programa foi produzido antes de o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto em março, ter sido acusado de receber propina do esquema. Em outros dias, Aécio explorou na TV a alta da inflação. O mote usado pela campanha tucana foi a sugestão do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, para que os brasileiros trocassem a carne, que estaria muito cara, por frango ou ovo. Apesar de já apontar para o predomínio de uma campanha negativa, o levantamento não inclui as inserções veiculadas durante a programação normal dos canais, também usadas com frequência para desferir ataques de parte a parte.

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