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Na reta final, parte dos eleitores de SP pode decidir voto de última hora

Pesquisa Ibope divulgada dia 25 aponta que 15% dos paulistanos não souberam dizer em quem votariam ou preferiram não responder considerando levantamento espontâneo; ‘Eleição municipal tem mais volatilidade’, diz CEO do instituto

Por Fernanda Boldrin
Atualização:

Na reta final do segundo turno da eleição municipal, parte dos eleitores pode decidir em quem votar apenas no último momento, de acordo com a mais recente pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo, divulgada no dia 25. No levantamento, 15% dos eleitores de São Paulo não souberam dizer em quem votariam ou preferiram não responder. Segundo especialistas, o próprio fato de a campanha ter sido mais curta devido à pandemia do novo coronavírus pode ser motivo de indecisão na reta final. 

O prefeito e candidato do PSDB, Bruno Covas, e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disputam segundo turno da eleição municipal em São Paulo Foto: Tiago Queiroz e Daniel Teixeira/Estadão

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Esse dado leva em consideração o levantamento espontâneo, ou seja, aquele no qual o entrevistado é perguntado sobre em quem pretende votar sem que sejam mostradas quaisquer opções de candidatos. Na pesquisa estimulada, em que a pessoa deve escolher um dentre os nomes apresentados, a porcentagem dos indecisos cai para 4%.

“Eleição municipal é a eleição que tem mais volatilidade, mudanças de última hora em função de fatos que ocorram na reta final da campanha”, afirma a CEO do Ibope Márcia Cavallari. 

O segundo turno da disputa pela Prefeitura acontece neste domingo, 29. Na corrida para ocupar a cadeira no Palácio do Anhangabaú estão o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), que busca se reeleger, e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, que, nesta sexta-feira, 27, foi diagnosticado com covid-19. Segundo o Ibope, Covas tem 48% das intenções de voto, e Boulos, 37%. São 12% os que pretendem votar nulo ou em branco. 

O nível de confiança da pesquisa é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerada a margem de erro de três pontos porcentuais.

A cientista política e professora da FGV Graziella Testa aponta que, no segundo turno, “a escolha dos indecisos pode ter a ver com o candidato que desagrada menos”. “O primeiro turno tem muitas opções, é mais fácil que alguma delas contemple sua vontade. O segundo turno é um momento em que muita gente se vê obrigada a tomar uma decisão que às vezes é mais difícil.”

Entre os entrevistados que pretendem votar em algum candidato ou em nulo/branco, 18% afirmam ainda que podem mudar de opinião. Entre aqueles que declaram intenção de votar em Bruno Covas, 19% dizem que sua decisão ainda pode mudar. Já entre os que declaram voto em Boulos, essa porcentagem é de 18%. 

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“São pessoas que ficam esperando até os últimos minutos da campanha para decidir o voto”, diz Márcia Cavallari. “Gente que fica esperando o último debate, esperando para ver se não vai aparecer denúncia de um candidato contra o outro. São pessoas que estão ali, colocando sua intenção preferencial de voto, mas há espaço para mudança”.

Para Márcia, as diferenças do resultado da pesquisa espontânea para a estimulada também são um indício de que parte do eleitorado ainda pode mudar de posição. Enquanto Bruno Covas tem 48% de intenção de voto na pesquisa estimulada, ele fica com 39% na espontânea. No caso de Boulos, que tem 37% de intenção de voto na pesquisa estimulada, o candidato fica com 29% na espontânea. “Quanto mais definitivo está o voto, mais se aproximam a pesquisa espontânea e a estimulada. A distância entre elas é mais um indício de que ainda pode haver movimentações de última hora”, afirma Márcia.

Pandemia. Tanto Graziella quanto Márcia apontam ainda que, neste ano, a campanha foi especialmente curta e rápida, tanto pelo adiamento do pleito por causa do coronavírus quanto pelos outros assuntos que inundaram o noticiário. “O assunto foi inserido na mídia de maneira muito mais rápida por vário motivos, desde a crise da covid até a eleição americana”, diz Graziella. 

Márcia completa: “Essa eleição demorou a entrar na cabeça do eleitor em função da pandemia. Ninguém estava discutindo a eleição, a votação foi adiada. Foi uma campanha muito curta, o assunto na cabeça das pessoas de uma forma muito tardia.”

Também por causa da covid-19, a equipe do Ibope usou equipamentos para proteção da própria saúde e dos entrevistados. As entrevistas foram realizadas, de forma presencial, entre os dias 23 e 25 de novembro, com 1.001 eleitores. O levantamento foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral sob o protocolo SP-09681/2020.

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