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Na reestréia como gerente, Dirceu ataca governo FHC

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, fez sua reestréia como "gerente" da Esplanada dos Ministérios com dois claros recados aos críticos e opositores: o governo Lula "não roubou e não deixou roubar" e já conseguiu executar dezenas de ações apesar do "fogo cerrado das dificuldades que o Brasil atravessa". Num discurso que durou 1h20, tempo bem maior que o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro se concentrou em fazer um balanço otimista dos 18 meses de governo e não perdeu a oportunidade de atacar a administração Fernando Henrique, citando problemas deixados por ex-ministros do PSDB, adversário do PT nas eleições municipais. Ora Dirceu foi sutil nas críticas ao governo passado, ora foi contundente. Ao falar sobre as realizações na área da saúde, o ministro fez questão de citar as ações para enfrentar a endemia da dengue, doença que fez o ex-ministro da Saúde José Serra, hoje um dos principais adversários da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), perder votos na campanha presidencial de 2002. "Em 2003, o Brasil reduziu o número de casos da doença em 56,5% em comparação ao ano de 2002 (último ano do governo Fernando Henrique", declarou o ministro. Na área social, Dirceu foi bem enfático. "Herdamos um programa desorganizado com várias programas sobrepostos", disse Dirceu, procurando passar a idéia de que o atual governo teve de gastar muito tempo para organizar a máquina. O ministro organizou sua fala em vários tópicos, divididos em temas, entre eles o "Novo Modelo de Desenvolvimento" e "Cidadania e Inclusão Social". Leu a maior parte do seu discursou, fazendo comentários sobre as várias realizações. No capítulo "Justiça e Segurança Pública", disse que Lula se debruçou em combater a lavagem de dinheiro e conquistou sucessos nas investigações da Polícia Federal para desmontar grandes esquemas de corrupção, citando as operações da PF Anaconda (que envolveu juízes na venda de sentenças) e Vampiro (esquema de fraudes em processos de licitação de hemoderivados). "São provas de que o governo não rouba, não deixa roubar e leva para a cadeia quem rouba", discursou Dirceu. Segundo ele, por ordem do presidente Lula a PF conseguiu dar "cabo" ao esquema da máfia do sangue que "preexistia". Por três vezes Dirceu falou sobre corrupção, problema que teve que pessoalmente enfrentar quando um de seus principais assessores, Waldomiro Diniz, foi denunciado como um dos envolvidos em esquema fraudulento dos bingos. O ministro também foi enfático ao dizer que o presidente Lula conseguiu realizar investimentos em áreas importantes, como em estradas e na área da saúde, apesar "das restrições orçamentárias". "Apesar do esforço para estabilizar a economia, conseguimos ampliar investimentos (na área do transporte)", disse. Fez questão de afirmar que as ações executadas por Lula foram feitas "sem coloração partidária", rebateu a acusação de que o PT "aparelhou o estado" e tentou mostrar que Lula continua ligado e fiel aos seu compromisso de trabalhar pelos movimentos sociais. Mas afirmou que, apesar do elo do PT com os vários movimentos, o governo foi capaz de "dizer não" a reivindicações quando não eram possíveis naquele momento. Foi uma referência indireta a cobranças feitas por várias organizações, como às ligadas aos movimentos dos sem-terra e aos servidores públicos.

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