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Na posse, Lula reencontra FHC, Collor e Sarney

Tucanos participaram de reunião privada no gabinete de Gilmar Mendes, da qual o PT ficou de fora.

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Por Felipe Recondo e Christiane Samarco
Atualização:

Na simbologia do poder brasiliense, mede-se o prestígio de uma autoridade pela platéia que comparece à sua posse. Eleito presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes atraiu à cerimônia de ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Juntos, os quatro ocuparam o Planalto por 21 anos. De início, o clima entre os quatro foi de constrangimento. A relação do atual e dos ex-mandatários é marcada por animosidades cruzadas. Collor elegeu-se criticando Sarney; Sarney e FHC se estranham; Lula e FHC travam vez ou outra duelos verbais pela imprensa. Logo que chegou, FHC foi ao ponto e criticou a montagem do dossiê pela Casa Civil com seus gastos pessoais. "O Brasil não merecia passar por esse tipo de coisa tão baixa, que prefiro nem comentar", disse. Ladeado por Sarney e FHC, ambos algo constrangidos, Collor estava à vontade. Depois de absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo por corrupção passiva, acusação que provocou seu impeachment em 1992, foi a primeira vez que Collor compareceu a uma posse na corte. Ao final da cerimônia, como se fossem de uma mesma tribo, os quatro se aproximaram e conversaram. Lula ficou pouco. Era, afinal, uma festa tucana. Antes mesmo que o atual presidente e boa parte de seus ministros tivessem chegado ao STF, integrantes do PSDB de alta patente, como o próprio FHC e o governador de São Paulo, José Serra, já participavam de uma espécie de convescote no gabinete de Gilmar Mendes, onde uma fotografia de FHC com o ministro - tirada quando o hoje presidente do STF era advogado-geral da União no governo tucano - enfeita o ambiente. Divide o espaço com uma camisa do Santos autografada por Pelé. O convite para o convescote foi restrito a ex-ministros tucanos, como Eduardo Jorge Caldas, e o atual secretário da Casa Civil do governo de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira Filho, e líderes do DEM, como o ex-vice-presidente da República Marco Maciel e o ex-presidente do partido Jorge Bornhausen. O PT ficou fora dessa festa. Àquela altura, as autoridades petistas espremiam-se no plenário e nos salões do STF, em meio a nada menos que 3.500 convidados que compareceram - a lista tinha 5 mil nomes. Em meio às autoridades dos três Poderes da República, havia 13 governadores. Os 55 minutos de discurso do decano Celso de Mello fizeram a platéia bocejar, mas os tucanos saíram felizes com as críticas ao governo e ao presidente Lula. "As colocações dos ministros nos discursos foram muito apropriadas", elogiou Serra, que, na saída, foi gentilmente acompanhado até a garagem pelo ministro Eros Grau.

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