Na internet, ex-ministro acusa imprensa e diz que é inocente

Se Supremo abrir processo, Dirceu deve ter ainda mais dificuldade em sua campanha pela anistia política

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Por Leonencio Nossa
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Às vésperas do julgamento do pedido de abertura de processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-deputado José Dirceu usou a internet ontem para negar que ganhe a vida como lobista de empresas e reclamar da cassação "sem provas" na Câmara, em 2005. Em seu blog, ele disse que não está envolvido em questões internas do PT e do governo, pois a prioridade, no momento, é se defender das acusações do Ministério Público e levar adiante a campanha pela própria anistia. "Não aceito a morte civil que querem me impor, nem o prejulgamento que a mídia já fez", escreveu. "Sou inocente e vou provar." Quem tira o sono de Dirceu, no entanto, não é a imprensa. O futuro político do ex-ministro da Casa Civil estará, a partir desta quarta-feira, nas mãos de duas autoridades indicadas para os cargos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se destacam pela independência em relação ao Palácio do Planalto: o relator do processo no Supremo, ministro Joaquim Barbosa, e o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Se o pedido de abertura de processo for aceito pelo STF, Dirceu deverá ter ainda mais dificuldade na campanha pela anistia política. Seu advogado, José Luiz Oliveira Lima, evitou ontem falar dos preparativos para o julgamento - "por respeito" aos ministros. CASTELOS Em seu blog na internet, Dirceu acusa a mídia de construir "castelos de carta" sobre seu futuro e sua suposta participação em disputas no partido. "Vou ao congresso do PT como filiado, não voltarei a ser dirigente e não sou candidato às eleições de 2010, simplesmente porque sou inelegível", diz. Ele argumenta, porém, que tem direito de fazer política. "Tenho direitos políticos, apenas sou inelegível por oito anos, fruto de uma cassação sem provas." O ex-ministro também usa sua página na internet para se queixar de reportagens publicadas sobre supostos negócios como homem de lobby. Ele afirma que a imprensa não se contentou em cassá-lo e afastá-lo do governo. "Agora não posso exercer minha profissão e ganhar a vida com a experiência que adquiri em 45 anos de trabalho", reclama ele, argumentando que "a cantilena continua" apesar de não haver nenhum indício de que faça lobby. "Querem me interditar, como na ditadura." Dirceu nega que faça consultorias "secretas", mas não revela os nomes das empresas para as quais trabalha, com a justificativa de sigilo profissional. "Todas as minhas consultorias estão declaradas no Imposto de Renda e não são públicas por uma generalizada e usual prática de confidencialidade, nada mais do que isso", ressalta o ex-ministro.

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