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Na hora do hino, pregador nas partituras

Banda marcial improvisa no evento

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Por Redação
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Para recepcionar com pompa o presidente do Timor Leste, país de 800 mil habitantes no sudeste asiático, os músicos da banda marcial do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) tiveram de improvisar. Vestidos com roupa de gala, jaqueta azul e calça branca, os músicos se apresentaram ontem para o presidente José Ramos-Horta, com um detalhe inusitado: recorreram a pregadores de roupa para afixar nas costa dos colegas a partitura do hino do país. Desde que o presidente Lula chegou ao poder, em janeiro de 2003, a banda se apresentou para 77 chefes de Estado e de governo, todos recebidos com pompa em Brasília. O timorense foi o primeiro líder estrangeiro a visitar Lula neste ano. No primeiro ano de mandato de Lula, a banda atuou em 28 recepções a chefes estrangeiros. Em 2007, houve 11 visitas. Além de hinos nacionais, a banda ensaia músicas populares, eruditas e canções militares. Embora não seja reconhecida no meio musical, a banda marcial do Batalhão da Guarda Presidencial tem agenda concorrida, atendendo a demandas de prefeituras e escolas de todo o País. A "bandinha do Planalto", como é apelidada na Presidência, está em todos os eventos similares ao de ontem. O Batalhão da Guarda Presidencial, órgão ao qual está vinculada, tem a obrigação guardar a sede do governo, participar de cerimoniais e prestar honras a chefes estrangeiros. O BGP foi criado em 1933, com o nome de Batalhão de Guardas, pelo presidente Getúlio Vargas, para proteger o Palácio do Catete, antiga sede do governo, no Rio. Ao se transferir para Brasília, em 1960, o batalhão foi rebatizado de Guarda Presidencial. Em site na internet, o BGP se orgulha de ter contribuído "decisivamente", no passado, para subjugar a "subversão vermelha". Mas o BGP não deixa de se apresentar para chefes de países governados por políticos oriundos do regime comunista. Os autores da letra e da música do hino executado ontem, por sinal, seguiam tendência marxista. Francisco Borja da Costa e Afonso Maria do Santíssimo Redentor foram executados pelos "imperialistas" da Indonésia durante a invasão do Timor, nos anos 1970. O hino, composto quando o país conseguiu a independência de Portugal, em 1976, fala da "luta contra o imperialismo", do "inimigo do povo" e conclama os timorenses a seguirem o caminho da "revolução".

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