Na BA, PMDB acalma militância e PT critica campanha

PUBLICIDADE

Por Tiago Décimo
Atualização:

No mesmo dia em que o candidato a presidente pelo PSDB José Serra fez campanha em Vitória da Conquista - terceiro maior colégio eleitoral da Bahia e um dos poucos que deu a ele a vitória no primeiro turno -, os diretórios regionais de PMDB e PT do Estado fizeram eventos de apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT) em Salvador.O encontro promovido pelo PMDB, que contou com a presença do presidente nacional do partido - candidato a vice na chapa de Dilma -, Michel Temer, foi uma tentativa de "acalmar" os militantes, que se consideraram traídos por Dilma na eleição estadual - ela abriu mão do duplo palanque, formado pelos candidatos Geddel Vieira Lima (PMDB) e Jaques Wagner (PT), para apoiar exclusivamente o governador petista, reeleito em primeiro turno com 63% dos votos."O que motiva o apoio do PMDB da Bahia (a Dilma) é a candidatura de Michel Temer à vice-presidência", discursou Geddel. "Eu não poderia estar longe daquele que sempre esteve ao meu lado", acrescentou. O senador César Borges (PR), que tampouco escondeu a mágoa por ter sido "abandonado" pelo governo federal durante a campanha de reeleição - foi derrotado para os dois candidatos da chapa de Wagner - Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB) - também compareceu ao evento. E, assim como Geddel, tentou motivar a militância pedindo votos a Temer. "A vitória de Dilma é a vitória de Temer".Para o presidente nacional da legenda, o apoio declarado de Geddel e Borges à candidatura de Dilma, depois da falta de apoio da presidenciável durante a campanha, foi um "ato de estadistas". A poucos quilômetros do evento do PMDB na capital baiana, o PT reuniu 2 mil militantes do Estado para traçar a estratégia de campanha do partido no segundo turno. "Teremos acima de 70% de votos em Dilma na Bahia no segundo turno", assegura Wagner. No primeiro turno, a candidata ficou com 62,62%.ReligiãoAs críticas a um suposto uso político da religião e à exploração da posição de Dilma sobre o aborto foram comuns aos dois encontros. "O PT sempre dialogou com todas as religiões, eu duvido que tenha outro partido com tantos católicos e evangélicos praticantes como o PT", contou Wagner, chamando as críticas de "falsa polêmica".O governador também qualificou o uso eleitoral da posição de Dilma sobre o aborto de "fascista". "Não conheço ninguém que seja a favor do aborto. O que nós defendemos é o planejamento familiar, o acesso à educação sexual, para que as pessoas possam decidir qual o tamanho de suas famílias".Para o senador eleito Walter Pinheiro, que é evangélico, partidos e governos "não podem se intrometer" em questões de fé. "Dilma não é candidata a pastora ou mãe de santo, mas a presidente", justificou. Já Temer criticou a "grande exploração" de temas religiosos na campanha. "Nos países onde se confundem fé e Estado, as coisas não andam bem", avaliou. "A fé não pode ser usada eleitoralmente", acrescentou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.