Apesar da expectativa de que a venda da Nossa Caixa seja aprovada sem a menor dificuldade na Assembléia Legislativa, o PT empenhou-se - ao menos no discurso - em criticar duramente a operação. Reconhecendo que está em "aparente contradição", pelo fato de o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estar por trás da compra, petistas não economizaram nos ataques. Na prática, entretanto, nem os críticos mais ferrenhos duvidam que o aval dos deputados sairá ainda este ano. "É um negócio ruim para o governo do Estado. O fato é que São Paulo perde um importante instrumento de fomento", disse o líder do PT na Assembléia, deputado estadual Roberto Felício. Ele afirmou que o negócio serve apenas aos interesses políticos do governador José Serra, que terá um reforço de caixa para investimentos, no momento em que seu nome ganha força para a disputa presidencial de 2010. Felício disse que o Banco do Brasil foi guiado por "interesses comerciais". "Claro que, se o governo do Estado decide vender a Nossa Caixa, o Banco do Brasil vai se apresentar. Mas não significa que o governo Lula acredite que a Nossa Caixa deve ser vendida." Na base de apoio de Serra, entretanto, o clima já é de vitória. Ontem, líderes governistas trocaram telefonemas com petistas, para preparar o terreno para a chegada do projeto na Assembléia, previsto para segunda ou terça-feira. Entre apoiadores do governo, a tese é de que, com o Banco do Brasil como comprador, nem o PT vai atrapalhar a votação. E, em caso de qualquer dificuldade, um simples pedido do presidente Lula ou do governador José Serra resolveria a questão. "As condições políticas para uma aprovação ainda este ano são muito favoráveis e eu acredito que ela vai acontecer", afirmou o presidente da Assembléia, deputado Vaz de Lima (PSDB). "Poderá haver mais ou menos dificuldade, dependendo do texto. Mas há um interesse de Estado no negócio."