Mulheres que fizeram manifestação pró-Dilma hostilizam deputados em avião e são presas

A deputada Tia Eron (PRB-BA), representante da bancada evangélica que votou pelo impeachment, foi o principal alvo; manifestantes foram liberadas após a companhia aérea retirar a queixa

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Por Daiene Cardoso e Heliana Frazão
Atualização:

SALVADOR E BRASÍLIA - Um grupo de deputados federais que votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, foi alvo, na manhã desta terça-feira, 10, de um protesto de mulheres partidárias de Dilma. O ato aconteceu no voo 3437 da TAM, que seguiria da capital baiana para Brasília. As manifestantes se dirigiram aos parlamentares, mas o principal foco das hostilidades foi a deputada Tia Eron (PRB-BA), representante da bancada evangélica. 

O grupo, formado por 73 delegadas que seguia para a 4ª Conferência Nacional de Política para Mulheres, gritava palavras de ordem contra a deputada, mencionando o momento do voto dela favorável ao impeachment na Câmara dos Deputados. Na ocasião, Tia Eron se apresentou como sendo "a voz da mulher negra e da mulher nordestina, que não quer mais a migalha do governo federal porque tem dignidade para trabalhar e para vencer".

A deputada Tia Eron (PRB-BA) 

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Em resposta, as manifestantes gritavam entre outras frases: "Ô Tia Eron, ninguém aguenta, não vá dizer que você me representa".  Indignada, a parlamentar retrucou que não faz questão de representar quem não lhe conferiu o voto. "Nunca votaram em mim. Nunca fui PT, nunca fui PC do B, nunca fui comunista. O que elas dizem, que eu não as represento, é verdade", comentou a deputada, ao desembarcar na capital federal.

Os protestos iniciaram pouco antes da decolagem da aeronave e continuaram no momento de desembarque. Outros deputados como Jutahy Magalhães (PSDB-BA) e Paulo Azi (DEM-BA) também estavam no voo foram chamados de golpistas.

Ao chegar em Brasília, a direção da TAM, foi instada pelos deputados a acionar a Polícia Federal, considerando que as manifestações colocaram o voo em risco. As manifestantes foram detidas para averiguação, mas, logo depois, a companhia aérea retirou a queixa e elas foram liberadas.

A deputada Moema Gramacho (PT-BA) afirmou que os demais passageiros que estavam no voo de Salvador foram liberados e as mulheres foram detidas por cinco policiais federais. A ordem de manter as delegadas impossibilitadas de deixar a aeronave veio, segundo Moema, de parlamentares da oposição que estavam no mesmo voo. Relatos de outros parlamentares dizem que as mulheres causaram tumulto durante toda a viagem. Um grupo de parlamentares mulheres chegou a acionar o Ministério da Justiça.

A 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres acontece no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, até a próxima sexta-feira, 13.  

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