Mulheres culpam homens por problemas no trabalho

Por Agencia Estado
Atualização:

O maior problema da mulher executiva é o homem. Essa foi a resposta de 70% das mulheres entrevistadas para uma pesquisa da consultoria Secretary Search & Training (SEC), feita com 200 secretárias do País. Em segundo lugar, elas apontaram o machismo (com 15% dos votos) e, em terceiro, a oposição da própria mulher (7%). As entrevistadas que responderam que o principal problema são os homens justificam: elas dizem ter dificuldades para crescer no ambiente do trabalho, pois os homens não estão acostumados a dividir os cargos mais elevados. Depois, garantem as entrevistadas, as mulheres não conseguem alcançar cargos mais altos por conta do machismo. E, por fim, pela competição com as próprias mulheres - que não conseguem se unir e formar uma categoria forte o suficiente que lute por seus direitos. O estudo foi realizado entre janeiro e fevereiro deste ano. O resultado da pesquisa surpreendeu Stefi Maerker, diretora da SEC e autora do livro Mulheres de Sucesso - Os Segredos das Mulheres que Fizeram História. Mas ela discorda que os homens sejam os maiores inimigo das mulheres no trabalho. "O maior empecilho à ascensão da mulher na carreira é sua própria falta de habilidade em lidar com o poder." Para a autora, os problemas que mais emperram a carreira das executivas são a acomodação e a falta de motivação e confiança em si mesmas. De acordo com Stefi, a mulher brasileira ainda é muito feminina e provocativa. "No trabalho, é preciso deixar de lado a feminilidade associada a aspectos como fragilidade e sensualidade", ensina a executiva. "Mas a maioria ainda prefere ressaltar essas características em detrimento das profissionais", detecta. Por outro lado, as maiores armas femininas nesse percurso são o uso da intuição e a facilidade de trabalhar em equipes. Nesses casos, a feminilidade fica menos expressiva conforme aumenta o nível hierárquico ocupado pela mulher. Apesar das queixas feministas, a qualidade do emprego das mulheres na Grande São Paulo melhorou entre 99 e 2000. Um levantamento da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), chamado Boletim Mulher e Trabalho, mostra que a participação das mulheres vem crescendo em todos os níveis de trabalho. Em tarefas de execução, de apoio e planejamento, ela cresceu 4,7%, 2,7% e 0,9%, respectivamente. Isso fez com que, nesses dois últimos anos, a participação feminina no mercado de trabalho crescesse 0,7%. Analisada isoladamente, o índice é pequeno. Mas, em relação ao universo masculino, é representativo: a participação masculina entre a População Economicamente Ativa (PEA) manteve-se inalterada (73,4%). Mais educadas - O aumento mais significativo de participação feminina concentrou-se nas faixas etárias de 18 a 24 anos (3,7%) e acima de 40 anos (0,9%), permanecendo inalterada nos demais segmentos. Mas o crescimento do trabalho feminino não veio isolado. Só no ano 2000, São Paulo abriu 332.567 novos postos de trabalho no mercado formal - crescimento de 5,2%, contrariando a tendência dos anos 90. Esse aumento expressivo, segundo o Seade, favoreceu mais as mulheres do que os homens. Outro ponto interessante do estudo é a prova de que as mulheres estão mais educadas. Entre 99 e 2000, demonstrou o Seade, houve um aumento do nível educacional das mulheres ocupadas no mercado de trabalho: uma queda de 2,5% do analfabetismo; a elevação de 10,1% entre mulheres que possuíam ensino médio completo; além de aumento de 6,2% daquelas com ensino superior completo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.