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Mudanças na Anac não estão descartadas, dizem fontes

Por NATUZA NERY
Atualização:

O governo acredita que não é o momento para mais turbulências administrativas no setor aéreo, além da troca do comando da Infraero. A avaliação alivia, por ora, a pressão sobre mudanças imediatas no comando da Agência Nacional de Aviação Civil. Fontes do Planalto explicaram, porém, que não podem haver instrumentos desafinados na condução da crise, o que não significa que a articulação política para uma renúncia em massa da diretoria da Anac esteja descartada pelo governo. "Que a Anac não atrapalhe e dê conta de executar as medidas determinadas pelo Conac (Conselho de Aviação Civil)", afirmou uma das fontes, sob condição do anonimato. Na sexta-feira, alguns titulares da Anac cogitaram uma demissão em massa. Um dos diretores ensaiou entregar o cargo naquele dia mesmo, mas mudou de idéia. A avaliação do Executivo, ainda que não seja definitiva, deve-se a dois fatores: um administrativo e outro político. No primeiro caso, explicou um interlocutor de Lula, uma substituição rápida do atual quadro da agência seria complicada, o que poderia gerar uma nova frente de crise, desnecessária no cenário atual. No segundo caso, a resistência da diretora Denise Abreu em deixar o posto, enfraquecendo a tese da renúncia coletiva. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, irá avaliar se a Anac corresponde às expectativas do governo em relação ao novo pacote de medidas para atacar os problemas do setor. "Se não funcionar, não inviabiliza a intenção de mexer no médio prazo", disse uma outra fonte mais cedo. SEM NOME Na Infraero, as substituições já estão em curso. O governo ainda procura um nome para ocupar o lugar do brigadeiro José Carlos Pereira na presidência na estatal. A mudança está certa, mas só deve ocorrer nos próximos dias, informou uma fonte do governo no início desta tarde. Cotado para assumir o posto, o ex-presidente do Banco do Brasil Rossano Maranhão teria dito a Jobim, segundo uma fonte do Planalto, que não poderia assumir a presidência da Infraero, mas se colocou à disposição para preencher algum outro cargo, como o conselho de administração da estatal. A fonte não esclareceu quais as razões alegadas por Maranhão para o impedimento, mas outro interlocutor do presidente Lula disse à Reuters que, na verdade, foi Jobim quem, "educadamente", preferiu escolher um outro nome. A lógica mais forte até agora ainda é a de um civil para o cargo e a idéia inicial é abrir o capital da Infraero para garantir mais investimentos à instituição. Jobim, porém, não está totalmente convencido de que essa seja, de fato, uma solução. MEDIDAS Durante a reunião de coordenação de governo nesta segunda-feira, Jobim fez um relato detalhado ao presidente e ministros sobre suas ações desde a posse. Jobim disse na reunião, segundo relato de uma fonte do Planalto, que a solução mais viável para descongestionar Congonhas caminha para a construção do terceiro terminal e da terceira pista do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. De acordo com o titular da Defesa, 5 mil famílias e não 30 mil, com vem sendo dito, devem ser removidas dos arredores do aeroporto para concluir a obra. Outra linha de atuação debatida na reunião no Planalto é a vontade comum dos governos de São Paulo e federal de construir um trem expresso ligando Guarulhos ao centro de São Paulo e um outro ligando Viracopos, em Campinas, à capital paulista. O aeroporto de Campinas também deve ser ampliado. Já a construção do terceiro aeroporto em São Paulo, sugerida no pacote de medidas, não é mais vista pelo governo como uma solução imediata. Segundo a fonte, a obra ficaria para depois, sem dar detalhes de quanto tempo. Jobim comanda nesta segunda-feira reunião do Conac para discutir a implantação das medidas gerenciais.

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