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Múcio mapeia vagas para saciar apetite de partidos

Ministro se reúne com Bernardo e Dulci para descobrir onde é possível fazer trocas sem abrir nova crise com as legendas da base governista

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Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa , Ana Paula Scinocca e BRASÍLIA
Atualização:

Na tentativa de conter a prometida rebelião de deputados e senadores, inconformados com o anúncio de que o governo cortará emendas de bancada, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, começou ontem a fazer a radiografia dos cargos federais que serão distribuídos entre os partidos da base aliada. Para apressar o loteamento, Múcio iniciou uma operação pente-fino na Esplanada: foi em dois gabinetes de ministros para verificar onde é possível fazer trocas sem nova crise com os partidos. "Cargo é como uma xícara no meio de um monte de louça: se você tira a xícara, pode cair tudo", comparou o ministro, ao lembrar que está mexendo num vespeiro. "São demandas reprimidas há dez meses, por questões burocráticas ou desentendimentos nos ministérios." No primeiro dia do mapeamento nos Estados, Múcio se reuniu com os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci. Depois, saiu do Palácio do Planalto e foi ao Ministério da Agricultura, onde conversou com Reinhold Stephanes. No fim da tarde, após atender a uma penca de deputados, dirigiu-se ao Ministério da Justiça para um tête-à-tête com Tarso Genro e hoje tem encontros com Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Marina Silva (Meio Ambiente). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu aval para a partilha após ser informado por auxiliares que deputados e senadores aliados ameaçam se juntar à oposição e rejeitar a medida provisória que elevou a alíquota da CSLL de 9% para 15%, além de não votar o Orçamento. "Temos de aproveitar o recesso parlamentar para resolver pendências", argumentou Múcio. "Não podemos permitir que os aliados ressentidos se juntem à oposição insatisfeita." Múcio disse que o governo trabalha para que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não encolha, mas a tesourada nos investimentos é uma possibilidade. "Estamos estudando formas menos doloridas de recuperar os recursos e é por isso que vamos ver, na lista das emendas, onde pode haver cortes", comentou. ROMARIA Quarenta horas antes da reunião dos articuladores políticos do governo com os líderes dos partidos da base aliada, marcada para amanhã, deputados foram em romaria ao gabinete de Múcio. Com pastas nas mãos, queriam respostas para suas demandas sobre cargos nos Estados. A lista das queixas começa no Ministério das Minas e Energia, passa por estatais a ele subordinados e atinge várias repartições nas áreas de transportes, saúde e abastecimento. "Quando o PT participa do governo, é coalizão. Quando outros partidos participam, é fisiologismo", reclamou o deputado Tadeu Filippelli (PMDB-DF), ao deixar o gabinete de Múcio. "O que a gente espera é que, enfim, as promessas sejam cumpridas, mas, nesse governo, só Deus sabe o que vai acontecer", emendou o líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR). O deputado contou que o partido reivindica duas unidades do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT): em Santa Catarina e na Paraíba. O PR quer, ainda, "solução rápida" para o caso do ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara. "Ao Lúcio foi prometido um cargo na Eletrobrás e já faz tempo. É preciso resolver isso", cobrou. O partido pleiteia, também, o comando da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Já o PP reivindica a direção da Anvisa, a Secretaria Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades, além de postos na Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). COLABOROU LEONENCIO NOSSA

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