MST realiza ações em vários Estados nesta segunda

As ações fazem parte do chamado ´Abril Vermelho´, quando há uma onda de mobilizações, e de protesto contra Eldorado dos Carajás, que completa 11 anos

Por Agencia Estado
Atualização:

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) intensificou as ações em vários Estados nesta segunda-feira, 16, período conhecido como "Abril Vermelho". Mais duas áreas foram ocupadas em Pernambuco e uma em São Paulo, no Pontal do Paranapanema. Em Santa Catarina, 500 famílias de sem-terra estão sendo retiradas de uma área do Exército, invadida desde o último domingo. Os sem-terra também invadiram as sedes do Incra em Brasília e, em Ribeirão Preto, estão acampados em frente ao prédio da Justiça Federal da cidade. Manifestantes também promoveram marcha na Bahia e depois de 110 quilômetros chegaram a Salvador. Eles protestam ainda contra o "massacre de Eldorado dos Carajás", quando 19 sem-terra morreram em confronto com a Polícia Militar do Pará. O episódio completa 11 anos nesta terça-feira. Recife O MST fez mais duas ocupações de terra em Pernambuco, totalizando nove no "Abril Vermelho". Uma das áreas invadidas, a Fazenda Cajueiro Seco, no município metropolitano de Paudalho, pertence, de acordo com o movimento, ao deputado estadual Ricardo Teobaldo (PSDB). O parlamentar está viajando e não se pronunciou sobre o assunto. A propriedade foi ocupada por cerca de 200 famílias recrutadas na região. Também foi ocupada a Fazenda Rafael, em Ibimirim, no sertão, por outras 200 famílias, segundo o movimento. Outras nove áreas foram ocupadas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf). Pontal do Paranapanema e Ribeirão Preto No Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo, o MST invadiu pela nona vez a Fazenda São Luiz, em Presidente Bernardes, nesta segunda-feira. Também foram ocupados a sede do Incra em Teodoro Sampaio, e os escritórios do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) em Teodoro e Rosana. Na São Luiz, os invasores estão destruindo a plantação de cana-de-açúcar, num protesto contra a monocultura e o agronegócio, segundo as lideranças. O número de invasões em SP, durante o governo Lula, já é recorde. Em Ribeirão Preto, cerca de 100 integrantes do MST, entre homens, mulheres e crianças, acamparam, no início desta tarde, em frente ao prédio da Justiça Federal da cidade. Eles querem pressionar o Poder Judiciário a julgar as ações referentes à desapropriação da Fazenda da Barra. O processo está parado desde setembro de 2006 e cerca de 600 famílias de sem-terra dependem da decisão. Santa Catarina Cerca de 500 famílias sem-terra foram retiradas de uma área do Exército em Santa Catarina, que havia sido invadida na manhã do último domingo, 15. A área de 15 mil hectares abrange os municípios de Papanduva, Três Barras e Canoinhas, no planalto norte do Estado. Após um impasse que durou até depois da meia-noite de domingo, os integrantes do MST aceitaram conversar com os militares que estão instalados na área. As famílias aguardavam os ônibus que viriam fazer o transporte. A área vem sendo reivindicada pelo MST desde a década de 60, quando 40 famílias foram expulsas do local. De acordo com os sem-terra, as questões de pagamento das indenizações se arrastam até hoje. Brasília A sede do Incra em Brasília foi invadida por centenas de trabalhadores rurais, nesta segunda-feira, por volta das 5 horas da manhã, exigindo maior rapidez nos assentamentos de terra. O Incra entrou com pedido de reintegração de posse e conseguiu um acordo provisório com o movimento, que já deixou os nove andares do edifício. Segundo o MST, participaram 800 famílias. Uma reunião no fim desta tarde deverá resolver o impasse. Salvador A marcha que manifestantes do MST promovem, desde a segunda-feira passada, chegou a Salvador (BA) nesta manhã. Ao todo, cerca de 5 mil pessoas participaram da caminhada, que percorreu 110 quilômetros entre Feira de Santana e a capital baiana, protestando contra a impunidade no campo e tentando pressionar o governo a apressar a reforma agrária. Sul Em Ponta Grossa, a 120 quilômetros de Curitiba, o juiz da 3ª. Vara Cível, Francisco Carlos Jorge, deu prazo de 48 horas para que a Polícia Militar desocupe a Fazenda São Francisco, que foi invadida em 2005. Caso não haja cumprimento da decisão, o juiz estipulou pagamento de multa de R$ 10 mil por dia. "O Judiciário não pode ficar relegado à boa vontade do governante", acentuou. O comandante geral da PM no Estado, coronel Nemésio Xavier, e o comandante do Batalhão de Ponta Grossa, major Francisco Ferreira de Andrade Filho, também podem ser presos se persistirem na desobediência. A Comissão de Mediação de Conflitos Agrários, da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, informou, em nota, que a fazenda está na lista de áreas a serem desocupadas e que negocia a retirada pacífica das 28 famílias. (Colaboraram Angela Lacerda, Gustavo Porto, Rejane Wilke, Evandro Fadel, José Maria Tomazela)

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