MST prepara invasões com apoio de dissidentes no Pontal

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Movimento dos Sem-Terra (MST) prepara uma escalada de ações no Pontal do Paranapanema para pressionar o governo a rever as metas de assentamento naquela região. A mobilização pode começar esta semana, provavelmente com a invasão de sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) na região. O MST conseguiu o apoio de dois grupos dissidentes, o Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast) e o Terra Brasil para essas ações. "Decidimos juntar forças porque o nosso grupo é pequeno", justificou a coordenadora do Terra Brasil, Sandra La Guardia de Brito. Segundo ela, as ações objetivam cobrar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a promessa de fazer a reforma agrária. "Votamos no Lula, mas seu governo está caminhando a passos de jabuti", reclamou. Ela contou que foi procurada pelo líder do MST no Pontal, Claudemir Marques Cano, e seus liderados decidiram engrossar a mobilização do grupo até então considerado rival. Cano, que reside no Estado do Paraná, assumiu a liderança do MST na região desde o afastamento de José Rainha Júnior, após duas prisões seguidas, a última delas justamente por ter entrado em conflito com sem-terra ligados ao Mast. Rainha tentou impedir o assentamento de famílias desse grupo e foi denunciado e preso por formação de quadrilha. Lideranças dos três movimentos reuniram-se neste fim de semana em Teodoro Sampaio para discutir a mobilização. Está prevista a retomada das ocupações de terras em protesto contra uma redução na lista de famílias cadastradas para assentamento. Das quase mil famílias listadas pelo Itesp, apenas 140 serão assentadas nas fazendas Porto 10 e São Pedro, já arrecadadas pelo Incra. De acordo com Sandra, os movimentos reivindicam ainda a retomada na distribuição de cestas básicas para os sem-terra que estão em acampamentos. Segundo ela, o Terra Brasil tem 30 famílias acampadas, o Mast 41 e o MST cerca de 900. A distribuição foi totalmente interrompida há pelo menos quatro meses. Alambari A Polícia Militar deve realizar entre amanhã e terça-feira o despejo das 400 famílias de sem-terra instaladas desde o dia 1º deste mês na Fazenda Santa Isabel, no município de Alambari, na região de Sorocaba. Os preparativos táticos para a operação foram encerrados hoje, mas havia uma pendência sobre a área para a qual seriam transferidos os despejados. A PM quer evitar que os sem-terra permaneçam nas imediações da fazenda ou nas margens da Rodovia Raposo Tavares. Uma das hipóteses seria a transferência do grupo para um assentamento em Itapetininga, mas o MST se opôs, pois o local não tem estrutura para receber todas as famílias. Segundo o coordenador William Silva de Almeida, os sem-terra só sairão da fazenda se tiverem para onde ir. O advogado da Santa Isabel, Rodrigo Bley, disse que não irá concordar com novos adiamentos do despejo, cuja ordem foi expedida no último dia 5.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.