MST pode prejudicar Lula, dizem cientistas políticos

Por Agencia Estado
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A invasão da fazenda da família do presidente Fernando Henrique Cardoso pelo MST pode trazer reflexos negativos para a campanha do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. A opinião é dos cientistas políticos Marco Antonio Carvalho Teixeira, da PUC-SP, e Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), baseada no fato de que o partido tem um vínculo com movimentos sociais como o MST. Carvalho Teixeira alega ainda que o governo tentou politizar o fato acusando o PT pela invasão. "O ministro da Justiça (Aloysio Nunes Ferreira) e o ex-ministro Pimenta da Veiga vincularam o episódio ao PT ", disse. Apesar das explicações do PT, garantindo não concordar com a estratégia adotada pelo MST, o cientista político disse que ainda há um vínculo histórico do partido com os movimentos sociais. "E a ocorrência de invasões pelo MST, num momento em que o PT tenta se colocar como uma opção confiável à sociedade, pode causar prejuízos à campanha de Lula", acredita. A mesma opinião é compartilhada pelo cientista político Fábio Wanderley Reis. Segundo ele, a população associa o MST ao PT. "O simples fato de dirigentes petistas demonstrarem preocupação com as invasões, mostra que eles se dão conta de que o episódio é negativo para a legenda", disse. Para o cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais, Lula demorou para condenar a ação do MST. "Lula poderia ter criticado a ação nas primeiras horas e, desta forma, tirar proveito do acontecido", avaliou. Ele disse ter estranhado a falta de segurança na fazenda da família do presidente Fernando Henrique. "Eu, particularmente, acho estranho ter havido tanta facilidade para a invasão", afirmou. Wanderley Reis, no entanto, afirmou não acreditar que tenha havido uma articulação por parte do governo para prejudicar o PT. "Uma articulação por parte do governo seria um risco muito grande. Acho que essa hipótese (de orquestração) é descabelada", afirmou. Carvalho Teixeira também disse não acreditar em algum tipo de orquestração do governo federal para facilitar a entrada dos invasores do MST, apesar da "politização do episódio pelo governo".

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