MST pede habeas corpus para assentados presos no RS

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Por Agencia Estado
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ingressou hoje com pedidos de habeas corpus em favor dos 29 militantes que foram indiciados por formação de "quadrilha" devido à participação na expulsão de agricultores em situação irregular do assentamento Rondinha, em Jóia (RS). Dezoito integrantes do MST foram presos em flagrante, portando armas, e outros 11 também tiveram sua prisão preventiva decretada, mas ainda não foram encontrados pela polícia gaúcha. Eles são acusados de fazer parte de um "grupo de disciplina" que estaria ameaçando agricultores que tenham comprado seus lotes de terras de outros assentados, o que é proibido por lei. Na madrugada de 7 de setembro, um dos agricultores nessa situação, Pedro Milton da Luz Pedroso, foi morto com um tiro nas costas em Rondinha. A delegada Carla Mussi Ramalho investiga, principalmente entre os foragidos, quem teria participado diretamente do assassinato. Um dos suspeitos procurados, José Censi, é líder do MST e assessor do secretário estadual de Reforma Agrária, Antônio Marangon. "Isso é perseguição: prender 29 por causa de um morto. Nenhum deles estava no local do crime", afirma um dos coordenadores do movimento, Augusto Olsson. "Assim que houver o relaxamento da prisão, eles (os procurados) vão se apresentar para depor." Oficialmente, os líderes do MST condenam a ação que resultou no crime e negam a existência de uma "milícia", mas se dispõem a expulsar os agricultores que tenham comprado terras nos assentamentos. "Faz dois anos que denunciamos a compra de terras e o Incra não fez nada até agora. Vamos retomar todos esses lotes. Não vai ficar comprador nos nossos assentamentos", promete Olsson. De acordo com o superintendente regional do Incra, Jânio Guedes, 601 processos já foram abertos no Rio Grande do Sul por irregularidades como a compra, abandono ou troca de lote nos assentamentos. Ele considera "criminosa", entretanto, a ação do MST à revelia das instituições. Muitos dos casos de irregularidades são contestados pelo próprio movimento. "Nós aceitamos a permuta entre dois assentados, o que é diferente de alguém de fora comprar um lote", justifica Olsson.

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