29 de março de 2010 | 16h13
Os assentados e acampados ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Pernambuco se preparam para "radicalizar" no "abril vermelho" deste ano, que tem início dia 17. Foi o que garantiu nesta segunda-feira, 29, o líder regional, Jaime Amorim, numa confirmação à notícia divulgada pelo Estado, semana passada, sobre a decisão do movimento nacional de intensificar a jornada de atividades neste mês de abril. "Vamos romper cercas, ocupar propriedades e montar acampamentos na área rural e fazer caminhadas e ocupar prédios públicos nas áreas urbanas", antecipou.
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Ele calcula que a maioria dos 30 mil assentados e acampados em todo o Estado - números do MST - irá se engajar nas atividades. No ano passado elas se limitaram, segundo Amorim, a 17 ocupações de terra. Ele não citou os municípios nem os prédios que serão alvo da jornada.
Pelo menos três fortes razões levam à estratégia da radicalização, de acordo com Amorim: o fato de o governo não ter realizado nenhuma desapropriação de terra ou assentamento de famílias em Pernambuco em 2009; por 2010 ser ano eleitoral - "no segundo semestre os órgãos governamentais ficam inoperantes, só se pensa na eleição" - e o fim do "efeito desmobilizador" provocado inicialmente por benefícios sociais como o Bolsa Família.
"Não são R$ 90,00 por mês que vão sustentar uma família sem um pedaço de terra para produzir", observou ele. "O Bolsa Família teve o efeito de retardar a ação dos trabalhadores como uma represa que agora deve transbordar".
Na sua avaliação, por maiores que sejam as dificuldades enfrentadas pelos 250 assentamentos pernambucanos - com 14 mil famílias - seus integrantes gozam de uma situação muito melhor que os acampados. "Os assentados têm as mínimas condições para sobreviver", diz, ao concluir que esta é meta dos 16 mil acampados em terras pernambucanas.
Ao justificar porque as atividades serão concentradas somente em abril, sem se estender pelo resto do ano, Jaime Amorim explicou que a decisão não visa a "atrapalhar ou deixar de atrapalhar qualquer candidato presidencial". Ele lembrou que o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deverá ter mais de 10 superintendentes deixando a função para se candidatar a algum cargo eletivo.
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