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MST mineiro defende posição do Incra

Por Agencia Estado
Atualização:

A coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Minas Gerais defendeu a postura adotada pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Marcelo Resende, que, que nesta sexta-feira, restringiu as críticas às ações do movimento promovidas durante o carnaval. Resende chegou a repudiar episódios como o da depredação do prédio do instituto em Cuiabá (MT), mas reconheceu a legitimidade de algumas iniciativas. Conforme o coordenador do MST em Minas, Ademar Suttitz, a postura de Resende "é absolutamente coerente". O presidente do Incra ocupou o cargo de presidente do Instituto de Terras (Iter) em Minas durante o governo de Itamar Franco e atuou com algumas correntes da Igreja Católica ligadas aos sem-terra. Para o coordenador do MST no Estado, o presidente do Incra sempre manteve o diálogo aberto com os representantes dos diversos movimentos sociais", e a expectativa é de que ele continue mantendo a mesma política, enquanto estiver à frente do Incra. Suttitz evitou comentar a ação em Mato Grosso, afirmando que cada Estado "tem autonomia dentro do MST". Segundo ele, a briga dos sem-terra "não é contra o governo, mas contra o latifúndio", e a intensificação das ações nas últimas semanas obedece a um cronograma elaborado com meses de antecedência. "Os meses de março e abril são tradicionalmente épocas de manifestações do MST em todos os Estados", disse. Segundo ele, as ações não são prova de insatisfação com relação ao governo Lula. "Qualquer que fosse o governo, iríamos continuar as manifestações. Vamos apoiar o governo Lula até o momento em que ele cumprir o que prometeu durante a campanha", avisou. O coordenador estadual do MST revela que, apesar da existência do Iter, a reforma agrária não chegou a avançar no Estado nos últimos quatro anos. Os acampamentos, segundo ele, estão divididos por cinco regiões do Estado, exceto o noroeste, que está sob a coordenação de outra regional. Atualmente são 21 acampamentos, com 3,2 famílias. Desde o início do MST no Estado, de acordo com Suttitz, foram formados 12 assentamentos com 500 famílias, mas o número ainda é insuficiente. "Nos últimos quatro anos nenhuma família foi contemplada no Estado, apesar de algumas propriedades já possuírem o decreto de desapropriação assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique". Em Minas, conforme o coordenador estadual do MST, 30 áreas estão sendo vistoriadas e aguardando o parecer de produtividade. Destas, 12 aguardam a liberação pela Justiça. Para ele, a responsabilidade pela demora da reforma agrária no Estado pode ser atribuída à Justiça Agrária no Estado. "Os processos de desapopriação chegam ao Judiciário e não se desenrolam", disse. O MST aguarda a liberação de 150 mil hectares nas cinco regiões em que atua e acredita que o governo federal irá conseguir avançar nas propostas, "porque têm condições para isso". Em Minas, ao contrário de outros Estados, a coordenação do movimento comemorou a indicação do ex-deputado estadual pelo PT, Marcos Helênio, para a superintendência regional do Incra. "O único problema é que ele ainda não assumiu", afirmou. O MST já está programando manifestações para o final de março, em Minas Gerais. A primeira delas, a "coluna leste", virá do município de Frei Inocêncio, na região do Vale do Rio Doce, percorrendo uma distância entre 350 e 400 quilômetros. A segunda, a "coluna oeste", partirá dos municípios de Cláudio (Campo das Vertentes), a uma distância de aproximadamente 130 quilômetros. As duas marchas deverão chegar a Belo Horizonte no dia 13 ou 14 de abril e farão parte das manifestações marcadas para lembrar o massacre em Eldorado dos Carajás (PA), que completará sete anos.

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