MST mantém protestos no Pará e promete novas invasões

Sem-terra programaram fechamento de estradas, invasão da sede da superintendência do Incra em Marabá e ocupação de outras fazendas

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Por Agencia Estado
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O incêndio da casa principal, a destruição de tratores e de um laboratório de inseminação de matrizes bovinas dentro da fazenda Peruana, em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, é apenas o começo de uma série de protestos violentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) contra a desocupação de dez fazendas na região pela tropa de 280 homens da Polícia Militar. O MST programou fechamento de estradas, invasão da sede da superintendência do Incra em Marabá e de outras fazendas se tiver de sair das áreas que ocupa hoje. O juiz da Vara Agrária de Marabá, Sérgio Lima da Costa, autor das liminares de reintegração de posse, não pretende recuar da decisão tomada, garantindo que a lei será cumprida. A primeira das fazendas desocupadas foi a Rio Vermelho, em Sapucaia. Sem-terra ligados ao MST, em represália, promoveram quebra-quebra e incêndio na Peruana, a mais de 50 quilômetros do local do despejo. Peritos da Polícia Civil começaram a levantar os estragos provocados pelos sem-terra. Funcionários da Peruana contaram que foram ameaçados de morte e receberam um aviso de que o MST retornaria à propriedade ainda esta semana para ocupá-la definitivamente. O fazendeiro Benedito Mutran reforçou a segurança, temendo novos atos de vandalismo. "O prejuízo aqui já passa de R$ 3 milhões. Foi uma barbaridade o que fizeram", disse Mutran. Fraqueza do governo Para o secretário de Defesa Social do Pará, Manoel Santino, o que aconteceu na fazenda tem o mesmo perfil da destruição feita a duas semanas em uma fazenda da Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul. "Isso obedece a uma orquestração nacional do MST e só ocorre porque os vândalos se sentem protegidos e impunes diante da fraqueza do governo federal, que não age para coibir as sucessivas invasões e a depredação do patrimônio privado", afirma Santino. O líder do MST Alberto da Silva Lima, o Tim Maia, preso durante a operação na fazenda Rio Vermelho, disse que a chegada da PM à região foi uma surpresa para os sem-terra. "Havia um acordo com a Ouvidoria Agrária Nacional e a Justiça de que as desocupações seriam comunicadas antecipadamente aos movimentos sociais, mas isso não foi cumprido". Sua prisão, segundo ele, teve o objetivo de atingir o MST.

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