MST lidera 1,3 mil famílias nas invasões em Pernambuco

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Por Agencia Estado
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Acampados há quatro anos às margens da BR-101, na entrada da cidade de Escada, na zona da mata, cerca de 1,3 mil famílias (estimativa do MST) deixaram o local hoje cedo, se subdividiram e realizaram quatro invasões de terra de forma simultânea: no Engenho Caçuá, da Usina Barão, no Engenho Conceição e no Engenho Alegria, todos em Escada, e no Engenho Brilhante, no Cabo de Santo Agostinho, município próximo. A ação de retirada do acampamento da beira da rodovia marcou a nova estratégia do MST, de ocupar efetivamente as terras reivindicadas, desrespeitando a Medida Provisória que impede desapropriação de área ocupada, como forma de lutar pela sua revogação. No acampamento, de acordo com o líder do MST-PE, Jaime Amorim, os trabalhadores ficam a vida inteira dependentes de cesta básica. "O objetivo principal das ocupações é iniciar o processo de produção e exigir vistoria na pressão", disse ele. Até o final do mês, o movimento planeja chegar a até 35 invasões. Nos últimos 13 dias, foram feitas 51 ocupações no Estado - 21 da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), três da Organização da Luta no Campo (OLC) e duas do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), além das 25 do MST. Jaime Amorim comandou a ação, que utilizou caminhões - cedidos, alugados e um pertencente a uma cooperativa de assentados ligados ao movimento - para transportar os sem-terra. Ele liderou a ocupação do Engenho Alegria, pertencente ao empresário Frederico Bivar. Depois de conseguirem transpor uma estrada de barro de difícil acesso por causa da chuva, os sem-terra derrubaram, a golpes de foices, a porteira da propriedade, e começaram a instalar o acampamento. Na entrada, uma placa informava "Haras Asa Branca - Fazenda Alegria, criação de cavalos da raça mangalarga machador". Segundo o MST, a área possui 520 hectares. Amorim contou que o proprietário foi bem cedo ao acampamento dos sem-terra sondar se a sua terra seria invadida, pediu para preservarem a mata nativa e teria insinuado dizendo que os trabalhadores iriam ter uma surpresa se fossem ocupar a fazenda. Nada aconteceu, porém. Ninguém esperava os sem-terra na entrada usada para invadir a propriedade. A polícia também não apareceu em nenhum momento. O proprietário, Frederico Bivar, não deu retorno aos recados deixados pelos jornalistas com seus familiares.

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