MST invade fazenda da Suzano e dá início a ´abril vermelho´

A ação faz parte de uma série de mobilizações do movimento para marcar os 11 anos da morte de 19 sem-terra pela Polícia Militar em Eldorado dos Carajás

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 180 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram no último domingo, 8, à noite uma fazenda da Companhia Suzano de Papel e Celulose em Itapetininga, a 170 quilômetros de São Paulo. É a primeira invasão do chamado "abril vermelho" - mês em que se intensificam as ações do movimento - no Estado de São Paulo. Uma outra fazenda foi ocupada, no município de Bonito, no agreste pernambucano. A área da Companhia Suzano, utilizada para reflorestamento, fica no Bairro dos Veados, na divisa com o município de Angatuba. O grupo montou um acampamento a cerca de 500 metros da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), que corta a propriedade. Os sem-terra bloquearam o acesso à propriedade com troncos de madeira. De acordo com a direção nacional, a ocupação foi planejada para "denunciar a expansão do eucalipto no interior do Estado" e também "a destruição ambiental causada pela monocultura". Moradores do bairro reclamaram que os sem-terra cortaram árvores para montar os barracos. Os líderes negaram o corte de árvores, mas não permitiram a entrada da reportagem no acampamento. Parte dos sem-terra saiu de um acampamento montado na frente do Centro de Caprino e Ovinocultura da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, em outro bairro do município. Outros integrantes foram recrutados recentemente pelo movimento em Capão Bonito, Buri e Campina do Monte Alegre, cidades da região. De acordo com o coordenador regional Joaquim da Silva, o MST não reivindica a área invadida, mas outras fazendas da região que já foram vistoriadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). "As terras foram dadas como improdutivas, mas até agora o assentamento não saiu", reclamou. Ele disse que a fazenda da Suzano foi "o alvo" porque as terras "não produzem alimentos, só eucalipto". Carajás De acordo com a direção nacional, a ação faz parte de uma série de mobilizações que irão marcar os 11 anos da morte de 19 sem-terra pela Polícia Militar em Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996. Segundo o movimento, apesar da repercussão internacional, o processo dos dois comandantes da operação policial está parado nos tribunais e eles continuam em liberdade. A assessoria jurídica da Suzano informou que vai entrar no Fórum de Itapetininga com pedido de reintegração de posse. A liminar pode ser dada nesta terça-feira. De acordo com a empresa, a área invadida faz parte do manejo florestal de eucalipto desenvolvido também em outras fazendas da região. O coordenador do MST disse que não há intenção de resistir à ordem judicial. A assessoria do Incra em São Paulo informou que a única área com decreto de desapropriação por improdutividade no município é a Fazenda Sapetuva, mas os donos entraram com recurso na Justiça e o processo ainda não foi julgado. (Colaborou Angela Lacerda)

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