MST invade e faz ações em 10 Estados

Na 3.ª jornada nacional deste ano, movimento ocupa sedes regionais do Incra e faz protesto diante do BNDES

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Por Roldão Arruda , Talita Figueiredo , Eduardo Kattah e Chico Siqueira
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O Movimento dos Sem-Terra (MST) deu início ontem a uma nova jornada nacional de lutas pela reforma agrária, com manifestações em dez Estados. Os militantes, mobilizados em acampamentos e assentamentos, ocuparam as sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Belo Horizonte, São Paulo, São Luís, Fortaleza e Rio. Também fizeram manifestações diante de órgãos do Ministério da Fazenda. No Rio, 400 sem-terra montaram acampamento na frente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para protestar contra os empréstimos para o agronegócio. A jornada - com duração prevista até o fim da semana - é a terceira do MST este ano. A primeira foi em abril, quando sem-terra ocuparam 81 fazendas em 21 Estados e paralisaram 25 praças de pedágio. A segunda, em julho, alcançou 10 Estados. Este ano, o MST também fez um congresso nacional em Brasília, com 18 mil pessoas, em julho; associou-se à CUT para protestos contra mudança na legislação trabalhista em maio; ajudou a Via Campesina a ocupar sedes de multinacionais em março, e engrossou manifestações estudantis em agosto. "A reforma agrária parou no País", disse José Batista de Oliveira, da direção do MST. "Existem 150 mil famílias em nossos acampamentos. Muitas estão debaixo da lona há mais de sete anos. A prioridade deste governo não é o assentamento de famílias pobres, mas o incentivo aos empresários do agronegócio." Em Brasília, a direção do Incra não se manifestou sobre as ações do MST. Depois da greve de quase dois meses de seus de funcionários, dificilmente cumprirá a meta oficial de assentar 100 mil famílias até o fim do ano. "É provável até que não consiga gastar o pouco que o Orçamento da União destinou para a reforma agrária", disse Oliveira. ENFRENTAMENTO Em São Paulo, a jornada teve até início de confronto. De manhã, 300 sem-terra desembarcaram no Pátio do Colégio e tentaram invadir o histórico edifício, onde funciona a Secretaria de Justiça. Foram impedidos pela Polícia Militar e passaram o dia acampados diante do prédio. Eles distribuíram nota ligando o episódio à invasão da Faculdade do Largo São Francisco no mês passado - que terminou com sua expulsão por policiais. Para o MST, são "atitudes arbitrárias" do governo José Serra "em relação ao trabalhadores". A PM informou que não houve conflito nem violência. Em Andradina (SP), 250 famílias ocuparam a agência da Caixa Econômica Federal e o Incra. Elas reivindicam verbas para construção e reforma de casas nos assentamentos. Em Belo Horizonte, 200 sem-terra paralisaram as atividades do Incra. Em João Pessoa, militantes ocuparam a Secretaria da Fazenda. Em Maceió, famílias montaram acampamento no centro. Houve ações também em Mato Grosso, Goiás e Santa Catarina.

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