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MST invade bancos em Sorocaba e no Pontal

Militantes cobravam renegociação de dívidas e liberação de novos financiamentos

Por Agencia Estado
Atualização:

O "abril vermelho" do Movimento dos Sem-Terra (MST) chegou nesta terça-feira, 24, à rede bancária oficial. Cinco agências do Banco do Brasil e uma da Nossa Caixa foram invadidas no Pontal do Paranapanema, oeste do Estado, e em Sorocaba, a 92 quilômetros de São Paulo. Os militantes cobravam a renegociação de dívidas dos assentados e a liberação de novos financiamentos. Em Sorocaba, as ações começaram de manhã. Cerca de 100 integrantes, com bonés e bandeiras, que lotavam dois ônibus e vários carros, desceram na praça Coronel Fernando Prestes, no centro da cidade, e saíram em marcha em direção à zona bancária. A primeira parada foi na agência central da Nossa Caixa, na rua XV de Novembro. Os manifestantes ocuparam o andar térreo do prédio, onde fica o salão de auto-atendimento, estenderam uma bandeira sobre um caixa eletrônico e exigiram a presença do gerente, Edgar Cândido Ferreira. O gerente concordou em receber os representantes do grupo, no andar superior do prédio, enquanto os manifestantes entoavam cantos no salão de entrada. A Polícia Militar deslocou quatro viaturas, mas os policiais se limitaram a acompanhar a manifestação. De acordo com o coordenador regional do MST, Joaquim da Silva, o grupo era proveniente de assentamentos das regiões de Itapeva, Itapetininga e Iperó, e protestavam contra a falta de crédito para os assentados. "O dinheiro fica parado e, quando sai, já passou a hora de plantar." Entre as reivindicações, estava também a renegociação de financiamentos agrícolas devidos à Nossa Caixa. De acordo com o gerente do banco, a negociação deveria ser feita na agência de Itapeva. Ele anotou as reivindicações e comprometeu-se a enviá-las à direção estadual do banco. Em seguida, os sem-terra marcharam em direção à agência regional do Banco do Brasil. O andar térreo foi ocupado e a bandeira do MST ganhou um mastro improvisado no centro do salão. Um sem-terra com violão puxou um canto. Os clientes tinham de passar entre os manifestantes, muitos sentados no chão. As viaturas da PM se postaram na frente da agência. Líderes dos assentados se reuniram com gerentes e advogados do banco. No final da tarde, o grupo ocupou a frente do prédio da Justiça Federal. O objetivo, segundo Silva, era discutir a demora no julgamento de processos envolvendo a arrecadação de terras improdutivas para assentamentos. No Pontal, foram invadidas as agências do Banco do Brasil nos municípios de Santo Anastácio, Presidente Venceslau, Teodoro Sampaio e Euclides da Cunha Paulista. De acordo com o coordenador Valmir Ribeiro Chaves, as ocupações foram pacíficas, com o objetivo de chamar a atenção para a falta de crédito para os assentamentos. "O governo libera o dinheiro, mas a verba não chega para o assentado." Sede do Incra Cerca de 60 integrantes do MST, de Ribeirão Preto, Serrana e Serra Azul, ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), de Araraquara, nesta terça-feira, 24. O grupo queria apresentar as suas pautas de reivindicações ao órgão e também pressionar o governo para acelerar os processos de reforma agrária. Outras três atividades ocorreram no Estado, em Sorocaba, São Paulo e no Pontal do Paranapanema, segundo o membro da direção estadual do MST, Fábio Henrique da Silva Costa, que estava em Araraquara. Apesar da nota distribuída, indicando que a ocupação seria por tempo indeterminado, Costa informou que o grupo voltaria para Ribeirão Preto nesta terça, após entregar as pautas de reivindicações ao responsável pelo Incra na região, que as encaminhariam para São Paulo. Os sem-terra que estiveram em Araraquara são do Acampamento Mário Lago, instalado na Fazenda da Barra, em Ribeirão Preto, e do Assentamento Sepé Tiaraju, entre Serrana e Serra Azul. "O governo não está dando andamento para concretizar as benfeitorias prometidas", comentou Costa. Para o Assentamento Sepé Tiaraju, o MST reivindica posto de saúde e escola para atender a comunidade, um entreposto de comercialização do que produzem, rede de água nos lotes e fornecimento de água potável, irrigação para as hortas, término de obras em estradas e construção de um alojamento para cursos técnicos. Para o Acampamento Mário Lago, de Ribeirão, os sem-terra querem a implantação do Projeto de Assentamento da comunidade que ali está.

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