A semana da "jornada de lutas" do Movimento dos Sem Terra continuou nesta quinta-feira, 13. O movimento fez protestos em sete estados e no Distrito Federal, segundo informações do próprio grupo. O MST reivindica um maior empenho do governo na realização da Reforma Agrária, maiores investimentos na política de assentamento e o descontingenciamento de R$ 800 milhões do orçamento do Incra para este ano.
Nas manifestações desta quinta-feira, o movimento protestou em superintendências do Incra de seis estados e na do Distrito Federal, além de uma marcha em São Paulo, onde uma comissão do MST conseguiu se reunir com representantes do governo paulista dentro do Palácio dos Bandeirantes.
Na terça-feira, 11, o movimento do MST foi maior: foram feitas manifestações em 12 estados, com invasões de sedes do Ministério da Fazenda em três estados, além da de Brasília, onde o Ministro Guido Mantega teve que despachar fora de seu gabinete, já que os manifestantes impediam a entrada de qualquer pessoa.
Com o saguão principal do Ministério da Fazenda ocupado por cerca de 3 mil integrantes do MST, na terça-feira, uma oficial de justiça chegou ao local com um mandado para que eles desocupassem o prédio. Os líderes do movimento assinaram o documento, mas não saíram imediatamente do prédio. Quando o fizeram, declararam que consentiram em desocupar o ministério pois conseguiram marcar a reunião com os ministros Dilma Roussef (Casa Civil), Guilherme Cassel (Reforma Agrária) e Guido Mantega (Fazenda) para a semana que vem.
Logo no dia seguinte, quarta-feira, 12, Marina dos Santos, líder do MST, se reuniu com os ministros Guilherme Cassel e Luiz Dulci (Secretaria Geral). Após o encontro, Marina se disse frustrada pois o governo não teria apresentado nenhuma proposta concreta.
Protestos em Recife:
Na capital pernambucana, famílias sem terra ligadas ao MST invadiram nesta quinta-feira,13, por oito horas, a sede do Incra,dentro da mobilização nacional que, no Estado, pretende o assentamento de 18 mil famílias acampadas até 2010.
Em Pernambuco, o movimento responde por 14 mil famílias assentadas em 112 municípios, de acordo com o líder, Jaime Amorim. A negociação com a superintendência regional do órgão, prevista para a tarde, foi adiada para a noite. Ao comandar a desocupação, por volta das 17 horas, Amorim, antecipou: "estamos saindo, mas se mais tarde não houver acordo, voltamos e acampamos de forma permanente".
Nesta sexta-feira, 14, os sem terra que saíram em caminhada, na segunda-feira, 10, da cidade de Pombos, na zona da mata, a 64 quilômetros, irão, em passeata, até o Palácio do Campo das Princesas. Eles chegaram à capital na quarta-feira e os representantes do movimento já entregaram pauta de reivindicações ao governador Eduardo Campos (PSB). De acordo com Amorim, houve acordo em torno de duas proposições: a construção de oito escolas em assentamentos do MST e o acerto de uma parceria com a Secretaria estadual das Cidades para um plano habitacional que envolve a construção de mais de mil casas nas áreas de assentamento.