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MST expulsa famílias no PR para dar posse a outras

Por Agencia Estado
Atualização:

O Movimento dos Sem-Terra (MST) em Cascavel, no Paraná, conseguiu expulsar quatro famílias que estavam ocupando lotes no Assentamento Santa Tereza e nesta quinta-feira mesmo deu a posse da terra a outras quatro famílias. "É um pessoal mais velho no movimento", argumentou um dos coordenadores do MST, André Luís de Souza. Segundo ele, as famílias expulsas tinham comprado as terras dos primeiros assentados, o que é ilegal. Alguns integrantes do MST permanecem nas terras para dar "segurança" aos novos moradores. O executor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Cascavel, Valdecir Felipetto, disse que a documentação dos antigos moradores foi reunida e enviada para a Procuradoria Jurídica do órgão, em Curitiba, onde será analisada. Segundo ele, o caso de um dos assentados vinha sendo acompanhado pelo Incra. O parceleiro original deve ser notificado a apresentar defesa porque está caracterizada a compra e venda, o que é proibido. Em outros dois casos, teriam sido apresentados documentos dos primeiros assentados, que estariam desistindo dos lotes por motivos de saúde. De acordo com Felipetto, em pelo menos um desses casos pode ter havido um processo de compra e venda. No último caso, o parceleiro teria se ausentado da propriedade para cuidar da saúde da mulher, colocando um conhecido para tomar conta. O assunto será analisado pelo setor jurídico porque o afastamento não foi comunicado ao Incra. A colocação de novos parceleiros tem de ser analisada também pelo órgão. Na desocupação das casas, houve apenas um contratempo. Segundo o comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar, coronel Amauri Ferreira de Lima, uma das famílias trancou a casa e deixou os pertences dentro. Os integrantes do MST arrombaram a porta e levaram a mudança à sede do Incra. Como lhes foi proibido descarregar o caminhão no pátio, tudo foi deixado na rua. A polícia foi chamada e descobriu que a família tinha uma casa na periferia de Cascavel. O MST carregou novamente o caminhão e descarregou-o na casa, apesar dos protestos da proprietária, Terezinha Lurdes Danieli. Em relação à ocupação da Fazenda Santa Clara, em Lindoeste, o comandante afirmou que o proprietário, Lino Martini, tinha entrado com pedido de reintegração de posse na Justiça, mas ainda não havia uma decisão. Cerca de 30 famílias ocuparam-na na segunda-feira. Eles afirmam serem do MST, mas a direção do movimento diz que não há qualquer ligação entre eles. Segundo a polícia, a ocupação foi feita por moradores da redondeza que querem pressionar as autoridades para terem moradia. A fazenda foi vistoriada há dois anos pelo Incra e foi considerada produtiva.

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