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MST derruba outdoor da fazenda Avestruz Master

Os sem-terra ocuparam a fazenda durante uma hora e meia

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 200 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) derrubaram nesta quinta-feira um outdoor da Avestruz Master, colocado na entrada da fazenda onde se encontram 502 avestruzes da empresa, na PE-50, em Vitória de Santo Antão, na zona da mata pernambucana. Com foices e facões eles cortaram a cerca da propriedade e a madeira do cavalete que sustentava o imenso painel, que foi ao chão. A propriedade foi ocupada durante uma hora e meia, para um "protesto simbólico" contra "a mentira do agronegócio" e a "financeirização da agricultura", segundo o dirigente do MST, Jaime Amorim. Ele pediu a punição dos idealizadores e donos da Avestruz Master, que responsabilizou pelo prejuízo causado a centenas de pessoas que acreditaram na propaganda da empresa que assegurava retorno do investimento, e também pelo sofrimento dos animais, que chegaram a morrer de fome e sede. "Este é um modelo que não precisa trabalhar na terra, basta criar um projeto, fazer propaganda e iludir as pessoas", discursou. "É uma agricultura virtual, que não ajuda a resolver o problema da fome e da distribuição de terra e renda". "Queremos um sistema de agricultura com soberania nacional". "Não mexam nas avestruzes" "Pelo amor de Deus, não mexam nas avestruzes, não quebrem as cercas onde elas estão, senão elas escapam", apelava, assustado, o dono da fazenda Marapicu, Leonardo Tibúrcio", que arrendou sua propriedade à Avestruz Master. As cercas que limitavam a área dos animais não foram tocadas. Os manifestantes colocaram água no cocho de alimento e fizeram muito barulho, expressando pena dos animais que ainda não se alimentam com a freqüência e regularidade devidas. "Com essa zoada (barulho) elas ficam estressadas, podem morrer", lamentava Tibúrcio que pediu a presença da Polícia Militar. Onze policiais apenas acompanharam a manifestação, sem intervir. Depois da saída do MST, Leonardo Tibúrcio e os 16 funcionários da Avestruz Master apoiaram o ato dos sem-terra, que pediram para os bens e animais que ainda restam da empresa sejam distribuídos com os funcionários, que passam necessidade. O proprietário não recebe o aluguel da terra há dois meses e os funcionários estão com os salários - média de R$ 400,00 - atrasados há quatro meses. "Ajuda a pressionar", disse Gilvan José da Silva, contratado pela empresa há um ano e meio. Empresa em crise A Avestruz Master entrou em crise em novembro do ano passado, os bens foram seqüestrados, a sua administração passou para uma empresa de auditoria indicada pela justiça. Os donos ainda tentam evitar a falência da empresa, sediada em Goiás. Em Vitória de Santo Antão, 38 avestruzes morreram de fome no final do ano. Por determinação judicial, a empresa passou a mandar dinheiro semanalmente para compra de ração.

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