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MST deflagra ''abril vermelho'' em dois Estados

2 mil invadem fazenda da Aracruz na BA e 60 ocupam terra no Pontal

Por Sandro Villar e Paulo Leandro
Atualização:

Pelo menos 60 agricultores ligados ao Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram sábado a Fazenda Guarani, de 220 alqueires, no município de Presidente Bernardes, no Pontal do Paranapanema, inaugurando o prometido "abril vermelho" em São Paulo. Na Bahia, o "abril vermelho" começou com a ocupação, por 2 mil militantes do MST, da Fazenda Bela Manhã, da Aracruz Celulose, no município de Teixeira de Freitas, extremo sul do Estado. Os ocupantes chegaram à fazenda da Aracruz por volta das 2 horas da madrugada de sábado. O líder da ocupação, Weldes Queiroz, dirigente do MST na Bahia, disse que o objetivo da invasão é lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás. A ocupação foi pacífica, mas a coordenação do MST não revelou a data em que eles pretendem deixar a propriedade. Em Presidente Bernardes, os sem-terra chegaram em dois caminhões e em automóveis. Apesar do pequeno número de invasores, a ocupação marcou o início oficial do "abril vermelho" no oeste de São Paulo, Estado em que a já tradicional palavra de ordem do MST tem mais repercussão. Foi a quarta ocupação da Fazenda Guarani somente este ano. No ano passado a propriedade sofreu seis invasões. O coordenador do MST no Estado, Sérgio Pantaleão, afirmou que a fazenda ocupada é improdutiva: "Só tem pasto e meia dúzia de gado (sic), é uma terra que é do governo. Se é do governo, é para ser destinada à reforma agrária", afirmou. Ele criticou duramente o projeto de lei do governador José Serra que regulariza terras consideradas devolutas no Pontal do Paranapanema. "Ele (Serra) tem de desistir desse projeto, que privatiza terras públicas. Tem é de desapropriar, porque são terras devolutas. O latifúndio já está podre de rico." Por meio de seu advogado, Antonio Carlos Rodrigues, o empresário e arrendatário Nilson Riga Vitalli, de Presidente Prudente, contestou o coordenador do MST e negou que a área seja improdutiva. "A fazenda é 100% produtiva, gera empregos e impostos. O rebanho é de 450 cabeças de gado", disse Rodrigues, que segunda-feira entrará com ação de reintegração de posse no fórum de Presidente Bernardes. O advogado disse que essa será a 12ª ação de reintegração de posse desde que as invasões começaram. "O custo processual não é barato", afirmou. Ele acusou os sem-terra de derrubar pelo menos 500 metros de cerca para a invasão e de destruir a mata nativa.

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