"O Brasil terá de conviver ainda por muitos anos com essa crueldade praticada por agentes do Estado", afirmou durante protesto o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Pará, Ulisses Manaças, que cobrou da Justiça um novo julgamento para 142 soldados, cabos e sargentos absolvidos pelo Tribunal do Júri em dezembro de 2004. O coronel Mário Pantoja, condenado a 228 anos, e o major José Maria Oliveira, condenado a 158 anos, respondem em liberdade concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao recurso contra a condenação. A impunidade dos acusados pela morte de 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás dominou todos os discursos durante as passeatas e cultos ecumênicos realizados na capital paraense e na rodovia PA-150, no sul do estado, onde há dez anos ocorreu o episódio. As manifestações foram pacíficas e não foram registrados incidentes. Na passeata que acabou na frente do Palácio dos Despachos, sede do governo paraense, os sem-terra entregaram ao governador Simão Jatene um relatório sobre o massacre, cobrando melhor tratamento aos feridos e mutilados na Curva do S, em 1996. O governo alega que familiares das vítimas recebem pensão e os doentes todo o tratamento médico.